ATA DA OCTOGÉSIMA PRIMEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 28-9-2001.

 


Aos vinte e oito dias do mês de setembro do ano dois mil e um, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e quinze minutos, foi efetuada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Carlos Alberto Garcia, Cassiá Carpes, Elói Guimarães, Ervino Besson, Estilac Xavier, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, José Fortunati, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Paulo Brum, Raul Carrion e Sofia Cavedon. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Antonio Hohlfeldt, Beto Moesch, Clênia Maranhão, Haroldo de Souza, Helena Bonumá, Humberto Goulart, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, Nereu D'Avila, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo e Valdir Caetano. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da Septuagésima Oitava Sessão Ordinária e da Trigésima Terceira e Trigésima Quarta Sessões Solenes que, juntamente com as Atas da Septuagésima Quinta, Septuagésima Sexta e Septuagésima Sétima Sessões Ordinárias, foram aprovadas. À MESA, foram encaminhados: pelos Vereadores Adeli Sell e Ervino Besson, o Projeto de Lei do Legislativo nº 250/01 (Processo nº 3686/01); pelo Vereador Almerindo Filho, 09 Pedidos de Providências e as Indicações nºs 034, 035, 036 e 037/01 (Processos nºs 3663, 3664, 3665 e 3666/01, respectivamente); pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, Líder da Bancada do PSDB, as Emendas nºs 06 e 07 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 060/01 (Processo nº 1372/01); pelo Vereador Beto Moesch, o Pedido de Informações nº 174/01 (Processo nº 3667/01); pelo Vereador Cassiá Carpes, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Ervino Besson, 01 Pedido de Providências e o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 022/01 (Processo nº 3603/01); pelo Vereador Humberto Goulart, o Projeto de Resolução nº 084/01 (Processo nº 3624/01); pelo Vereador João Carlos Nedel, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Luiz Braz, o Projeto de Lei do Legislativo nº 241/01 (Processo nº 3598/01); pelo Vereador Nereu D’Avila, Líder da Bancada do PDT, a Emenda nº 08 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 060/01 (Processo nº 1372/01); pelo Vereador Paulo Brum, o Projeto de Lei do Legislativo nº 249/01 (Processo nº 3668/01). Na ocasião, foi apregoado Requerimento de autoria do Vereador Raul Carrion, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando o desarquivamento do Projeto de Lei do Legislativo nº 010/93 (Processo nº 0507/93). Também, foi apregoado documento firmado pela Vereadora Clênia Maranhão (Processo nº 3723/01), no qual Sua Excelência informa sua desfiliação junto ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro, a partir do dia vinte e seis de setembro do corrente, e comunica o seu ingresso no Partido Popular Socialista, a partir do dia primeiro de outubro de corrente. Ainda, foi apregoado o Requerimento nº 228/01 (Processo nº 3724/01 - Requer autorização para representar esta Casa no evento “Fórum do ECAD”, a ser realizado no dia vinte e nove de setembro do corrente, em Santa Maria - RS), de autoria do Vereador Adeli Sell, o qual foi deferido pelo Senhor Presidente. Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nºs 364/01, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 10213615, 10210152 e 10207355/01, do Senhor Barjas Negri, Secretário-Executivo do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. Em COMUNICAÇÕES, a Vereadora Maria Celeste, referindo-se à realização das eleições para Conselheiro Tutelar em Porto Alegre, discursou sobre a importância desse pleito para a manutenção da democracia. Também, salientou a participação desta Casa na elaboração de dispositivos legais que regulamentaram esse processo eleitoral, enfatizando a necessidade de investigação das denúncias de irregularidades na conduta de candidatos a essa função. O Vereador Haroldo de Souza, enfocando os motivos que o levaram a se desfiliar do Partido Trabalhista Brasileiro - PTB, externou sua contrariedade à postura político-partidária adotada pelo Senhor Cláudio Manfrói, assessor desse partido. Ainda, discorreu a respeito das razões do ingresso de Sua Excelência no Partido Humanista da Solidariedade - PHS, ressaltando as diretrizes ideológicas dessa agremiação, baseadas na doutrina social cristã. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou o transcurso do aniversário, no dia trinta de setembro do corrente, do Vereador Marcelo Danéris, procedendo à entrega, em nome em da Mesa Diretora, de um cartão de felicitações a Sua Excelência. Em COMUNICAÇÕES, a Vereadora Helena Bonumá registrou a inauguração da 8ª Feira da Reforma Agrária, realizada no dia vinte e cinco de setembro do corrente, em Porto Alegre, destacando o trabalho desenvolvido pela Cooperativa Central dos Assentados do Rio Grande do Sul Limitada - COCEARGS - na produção agrícola familiar. Também, contrapôs-se ao plantio de sementes geneticamente modificadas e aludiu às próximas eleições para o Conselho Tutelar de Porto Alegre. O Vereador Ervino Besson pronunciou-se acerca de evento ocorrido ontem, na sede do Diretório Regional do Partido Democrático Trabalhista - PDT, no qual o Vereador José Fortunati formalizou seu ingresso nessa agremiação partidária, manifestando seu apoio a este Vereador no que diz respeito a futuros projetos políticos no PDT. Ainda, procedeu a relato de episódio no qual Sua Excelência foi vítima de furto em seu veículo. O Vereador Ervino Besson, em tempo cedido pelo Vereador Isaac Ainhorn, teceu considerações sobre as eleições para Conselheiro Tutelar, discordando dos critérios adotados pelo Poder Público no que tange à adoção de prova eliminatória para a seleção de candidatos a esse cargo. Também, analisou o Projeto de Lei do Legislativo nº 250/01 (Processo nº 3686/01), que dispõe sobre o licenciamento de guarita para a prestação de serviços de segurança privada. O Vereador João Antonio Dib discursou acerca de Emendas apresentadas por Sua Excelência aos Projetos de Lei do Executivo nºs 012 e 015/01. Ainda, aludiu ao possível comparecimento do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, para entregar os Projetos de Lei que integram o Orçamento Anual referente ao exercício financeiro de dois mil e dois e examinou dados divulgados pelo Executivo Municipal relativos à movimentação financeira do Município no presente ano. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Elói Guimarães comentou dados atinentes a encontro promovido pelo Sindicato dos Lojistas do Comércio de Porto Alegre - SINDILOJAS, envolvendo Vereadores, comerciantes e comerciários, destinado a debater a situação do comércio formal e informal praticado no Centro da Cidade, a relação entre os comerciantes e os vendedores ambulantes e camelôs, dentre outros assuntos, afirmando que essas relações devem ser reguladas com mais rigor pelo Executivo Municipal. O Vereador João Carlos Nedel reportou-se à liminar concedida em favor do Ministério Público, cuja decisão determina que o Executivo Municipal inclua, no orçamento para o próximo ano, além dos recursos para a manutenção das vagas existentes nos abrigos para menores desassistidos, verbas para a criação de duzentas e oitenta novas vagas nesses abrigos, sob pena de, em não cumprida a decisão, pagar multa pecuniária diária em favor do Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. Em PAUTA, Discussão Preliminar, 2ª Sessão, estiveram os Projetos de Resolução nºs 058 e 071/01, discutidos pelos Vereadores João Antonio Dib e Adeli Sell, o Projeto de Lei do Legislativo nº 235/01, discutido pelos Vereadores João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Adeli Sell, Elói Guimarães e Helena Bonumá, os Projetos de Resolução nºs 077 e 078/01, discutidos pelo Vereador João Carlos Nedel, o Projeto de Lei do Executivo nº 024/01; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 231 e 237/01. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença do ex-Vereador Wilton Araújo. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Nereu D'Avila teceu considerações sobre proposta a ser enviada pelo Executivo Municipal a esta Casa, que estabelece alíquotas progressivas para a cobrança do Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU, afirmando que a intenção da Prefeitura Municipal é alterar a Planta de Valores, que embasa o cálculo do valor venal dos imóveis a serem tributados pelo Município. Nesse sentido, mencionou declarações prestadas à imprensa pelo Senhor José Eduardo Utzig, Secretário Municipal da Fazenda, atinentes ao tema. A seguir, nos termos do artigo 94, § 1º, alínea “f”, do Regimento, o Senhor Presidente concedeu TEMPO ESPECIAL à Vereadora Clênia Maranhão, que informou a desfiliação de Sua Excelência junto ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro - PMDB e o seu ingresso junto ao Partido Popular Socialista - PPS, tecendo críticas aos rumos dados pela direção nacional do PMDB ao partido e justificando os motivos que levaram Sua Excelência a tomar a decisão de mudar de sigla partidária. Durante seu pronunciamento, a Vereadora Clênia Maranhão registrou as seguintes presenças: dos Senhores Luiz Carlos Melo, Fernando Strelau, Eduardo Malhuy e Valter Nagelstein, respectivamente Presidente, Secretário-Geral, Secretário e membro do Diretório Metropolitano do Partido Popular Socialista - PPS; das Senhoras Márcia Mendes e Paula Mascarenhas, respectivamente Coordenadora da Secretaria da Mulher e Coordenadora da Bancada do PPS na Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, representante do Deputado Estadual Bernardo de Souza; da Senhora Ana Yung, Assessora de Imprensa da Bancada do PPS na Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul; dos Suplentes Wilton Araújo e Paulinho Ruben Berta; da Senhora Miriam Abruch; de militantes do PPS. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Pedro Américo Leal reportou-se ao ingresso da Vereadora Clênia Maranhão no Partido Popular Socialista - PPS. Também, externou sua contrariedade às ações promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST, principalmente no que se refere à participação de crianças nessas ações e à prática de invasões de propriedades privadas e de prédios públicos. Ainda, criticou a postura adotada pelas autoridades federais quanto aos atos praticados por esse movimento. Na ocasião, o Senhor Presidente comunicou que o Vereador Paulo Brum se encontra representando este Legislativo no II Fórum Municipal da Associação de Pessoas Portadoras de Deficiências de Minas do Leão, evento realizado no Município de Minas do Leão - RS. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Raul Carrion, referindo-se ao Seminário sobre Reforma Agrária e Urbanização, realizado nesta Casa nos dias vinte e seis e vinte e sete de setembro do corrente, analisou os movimentos sociais desenvolvidos no Brasil ao longo de sua história em busca da reforma agrária e contestou o pronunciamento efetuado pelo Vereador Pedro Américo Leal, no que diz respeito às ações comandadas pelo MST. O Vereador Estilac Xavier reportou-se às eleições para o Conselho Tutelar de Porto Alegre, que ocorrerão no dia trinta de setembro do corrente. Também, teceu considerações a respeito da vinda a este Legislativo, na tarde de hoje, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, para entregar os Projetos de Lei que compõem o Orçamento Anual do Município para o ano de dois mil e dois e posicionou-se criticamente sobre as opiniões emitidas pelo Vereador Pedro Américo Leal quanto ao MST. O Vereador Luiz Braz avaliou o posicionamento adotado pelo Governo Estadual em relação aos protestos efetuados por manifestantes do MST, questionando a tolerância do Poder Judiciário em relação a essas ações. Ainda, discutiu o Projeto de Lei do Executivo nº 005/01, que dispõe sobre o serviço voluntário no Município, discordando da maneira como atualmente são administrados, pela Prefeitura Municipal, fundos de assistência social. Na oportunidade, o Senhor Presidente comunicou que a Vereadora Maristela Maffei se encontra representando este Legislativo na cerimônia de assinatura do Termo de Cooperação com o povo Kaingangue de Porto Alegre, no Parque Saint-Hilaire. Após, a Vereadora Helena Bonumá, presidindo os trabalhos, concedeu a palavra, em Comunicação de Líder, ao Vereador Sebastião Melo. Durante esse pronunciamento, a Senhora Presidenta solicitou que o Vereador Sebastião Melo interrompesse seu discurso, face à presença, no Plenário, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, que comparece a esta Casa para proceder à entrega do Orçamento Anual do Município, tendo o Orador manifestado-se a respeito. A seguir, o Vereador Carlos Alberto Garcia, presidindo os trabalhos, registrou as presenças do Senhor Tarso Genro, Prefeito Municipal de Porto Alegre, do Senhor José Eduardo Utzig, Secretário Municipal da Fazenda, e do Senhor André Passos, Coordenador do Gabinete do Planejamento Municipal, convidando-os a integrarem a Mesa dos trabalhos e informando que Sua Excelência e Suas Senhorias comparecem a este Legislativo para procederem à entrega dos Projetos de Lei do Executivo nºs 026, 027, 028, 029 e 30/01 (Processos nºs 3738, 3739, 3740, 3741 e 3742/01, respectivamente), que integram o Orçamento Anual do Município de Porto Alegre para o ano dois mil e dois, e 025/01 (Processo nº 3737/01), que dispõe sobre alterações na cobrança do Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Tarso Genro, que externou sua satisfação em representar o Executivo Municipal no encaminhamento desses Projetos à Casa, mencionando a importância da participação desta Câmara Municipal e da população no saneamento financeiro de Porto Alegre e ressaltando que as propostas apresentadas visam à melhoria da qualidade de vida na Cidade. Na ocasião, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores João Antonio Dib, Estilac Xavier, Nereu D'Avila, Luiz Braz, Sebastião Melo, Cassiá Carpes, Raul Carrion e Valdir Caetano, que se manifestaram acerca da entrega dos Projetos de Lei do Executivo que dispõem sobre o Orçamento Anual do Município para o ano dois mil e dois. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou a presença dos Senhores João Verle, Vice-Prefeito Municipal de Porto Alegre, José Valdir, Coordenador de Relações com a Comunidade, e de Conselheiros do Orçamento Participativo. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Tarso Genro, que agradeceu a manifestação das Bancadas que compõem este Legislativo, bem como a oportunidade de comparecer a esta Casa para a entrega dos Projetos de Lei do Executivo que integram o Orçamento Anual do Município para o ano de dois mil e dois. Às doze horas e seis minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às doze horas e dez minutos, constatada a existência de quórum. Após, o Senhor Presidente informou que o Senhor José Eduardo Utzig, Secretário Municipal da Fazenda, deverá comparecer a este Legislativo para prestar maiores esclarecimentos sobre os Projetos de Lei do Executivo que dispõem sobre o Orçamento Anual de Porto Alegre para o ano de dois mil e dois. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Sebastião Melo manifestou-se acerca da interrupção de seu pronunciamento, na tarde de hoje, a fim de que fosse realizado o ato de entrega a esta Casa, pelo Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, dos Projetos de Lei do Executivo nºs 026, 027, 028, 029 e 030/01. Nesse sentido, discorreu sobre a proposta que propõe a implantação do IPTU progressivo e define a dotação orçamentária, propugnando pelo exame aprofundado desta Casa sobre a matéria. O Vereador Elói Guimarães reportou-se ao pronunciamento do Vereador Pedro Américo Leal, no que se refere às ações promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Nesse sentido, repudiou o apoio dado por esse Movimento aos trabalhadores em greve no Brasil e condenou a utilização de crianças em suas manifestações, afirmando que, no entender de Sua Excelência, esses fatos descaracterizam o objetivo principal do MST. O Vereador Antonio Hohlfeldt teceu considerações acerca dos Ofícios encaminhados ao Executivo Municipal pelo Senhor Barjas Negri, Secretário-Executivo do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, nos quais Sua Senhoria comunica a liberação de recursos financeiros para o Município de Porto Alegre. Também, discorreu a respeito da postura da Direção do Abrigo Municipal Ingá Brita, no que tange às denúncias de irregularidades verificadas nessa instituição. A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA e o Vereador Marcelo Danéris formulou Requerimento Verbal, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Na ocasião, o Vereador Isaac Ainhorn formulou Requerimento verbal, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando a suspensão dos trabalhos da presente Sessão. Às doze horas e trinta e três minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às doze horas e trinta e quatro minutos, constatada a existência de quórum. Após, foi aprovado o Requerimento verbal do Vereador Marcelo Danéris, anteriormente formulado, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Na oportunidade, foi apregoada a Emenda nº 01, de autoria do Vereador Cassiá Carpes, Líder da Bancada do PTB, ao Projeto de Lei do Legislativo nº 209/00 (Processo nº 3134/00). Também, foi aprovado Requerimento de autoria do Vereador Cassiá Carpes, solicitando seja a Emenda nº 01, aposta do Projeto de Lei do Legislativo nº 209/00 (Processo nº 3134/00), dispensada do envio à apreciação de Comissões Permanentes. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 209/00, com ressalva da Emenda nº 01 a ele aposta, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Cassiá Carpes e Juarez Pinheiro. Após, foi aprovada a Emenda nº 01, aposta ao Projeto de Lei do Legislativo nº 209/00. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 094/01. Em Discussão Geral, 3ª Sessão, esteve o Projeto de Resolução nº 042/01, o qual, após ser discutido pelos Vereadores Adeli Sell e Elói Guimarães, teve sua discussão suspensa, face à inexistência de quórum. Durante a apreciação do Projeto de Resolução nº 042/01, o Vereador Haroldo de Souza cedeu seu tempo de discussão ao Vereador Elói Guimarães. Às doze horas e cinqüenta e sete minutos, constatada a inexistência de quórum, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Carlos Alberto Garcia, Helena Bonumá, Paulo Brum e Ervino Besson e secretariados pelos Vereadores Helena Bonumá, Paulo Brum e Ervino Besson. Do que eu, Helena Bonumá, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

A Ver.ª Maria Celeste está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Estilac Xavier.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente, Sr.ªs e Srs. Vereadores, é com muita alegria que hoje nós retornamos a esta tribuna, num dia especial, numa sexta-feira, antevéspera de um domingo, dia 30 de setembro, no qual ocorrerá, em Porto Alegre, a eleição para os Conselhos Tutelares. Apesar das diversas denúncias levantadas pelo meu companheiro de Bancada, Ver. Adeli Sell, nós queremos, aqui nesta tribuna, reafirmar a importância desse pleito no domingo; a importância para a Cidade de Porto Alegre, a importância do processo democrático que, desde 92, nós, com muita alegria, instalamos na Cidade de Porto Alegre.

O Conselho Tutelar é um órgão autônomo, ligado administrativamente à Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Por isso, a responsabilidade da eleição do Conselho Tutelar é da Prefeitura de Porto Alegre, da Comissão Eleitoral, estabelecida pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e também do Ministério Público da Cidade de Porto Alegre. As várias denúncias que o nosso companheiro levantou foram encaminhadas aos órgãos competentes, como à Corregedoria dos Conselhos Tutelares, como à Comissão Eleitoral, como ao Ministério Público. Essas denúncias devem ser verificadas, apuradas; mas não deve, em momento nenhum, deixar de acontecer a eleição ou pôr em risco a lisura de todo o processo instalado na Cidade. Um processo que tem sido exaustivamente trabalhado, até por esta Câmara de Vereadores. No momento em que os Vereadores desta Casa se propuseram a estudar uma lei municipal e, mais do que isso, a regulamentar, a partir do pleito anterior, uma nova lei, colocando uma prova escrita sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente para os candidatos, qualificando o pleito na Cidade de Porto Alegre, esta Casa tem responsabilidade, também, sobre este importante órgão da nossa Cidade.

É com muita clareza e muita tranqüilidade que reafirmamos a importância desta eleição acontecer neste domingo, mesmo com as denúncias que o Ver. Adeli Sell vêm fazendo reiteradamente à imprensa. É importante que se façam as denúncias e que os órgãos competentes as apurem. Caso haja alguma irregularidade sobre algum candidato, algum pretendente que possa depois ser eleito conselheiro, o órgão responsável irá tomar as devidas providências. O que não pode ocorrer é colocar em risco toda a lisura de todo um processo em que quase quinhentos candidatos da Cidade de Porto Alegre vêm trabalhando há mais de três meses em cima de uma expectativa, vêm investindo, investimento de recursos físicos e financeiros em uma campanha para que, no dia 30 de setembro, possam efetivamente, ver realizado o seu trabalho, o seu sonho.

Nós queremos reafirmar - e esta é a posição do nosso Prefeito Tarso Genro, em matéria publicada hoje no Correio do Povo – dizendo da importância desse pleito, em Porto Alegre, e dá necessidade que ele ocorra. E que as denúncias devem, sim, ser averiguadas e apuradas, e se houver algum problema, que se tome as devidas providências, até afastando o possível candidato ou quem sabe já eleito conselheiro tutelar. Irregularidade nós não podemos admitir. Mas não podemos admitir que se ponha em risco a lisura de todo o processo que está sendo feito na Cidade de Porto Alegre.

Portanto, domingo, a partir das 8h30min até às 17 horas, todos nós, porto-alegrenses, cidadãos desta Cidade, devemos estar lá vendo quem são os candidatos, procurando conhecê-los e avaliar se são, realmente, comprometidos na área da criança e do adolescente. Candidatos que tenham um trabalho, efetivamente, e não tenham feito venda de votos, como o Ver. Adeli Sell denunciou. É responsabilidade nossa, sim, neste pleito eleitoral, elegermos bons candidatos, candidatos comprometidos com a área, candidatos que tenham história na defesa dos direitos das crianças e adolescentes na Cidade de Porto Alegre. Portanto, reafirmo, aqui Sr. Presidente, a importância da participação de cada um de nós nessa eleição de domingo em Porto Alegre. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, o motivo que me levou a deixar as fileiras do Partido Trabalhista Brasileiro não pode ser dito. Foi uma atitude tão nojenta, tão asquerosa, tão mau-caráter do Sr. Cláudio Manfrói, Coordenador-Geral do Partido, que eu não posso entrar em detalhes. Deixo com muito respeito e carinho os Vereadores Cassiá Carpes e Elói Guimarães, que formavam a Bancada petebista comigo, deixo o reconhecimento ao Sr. Sérgio Zambiasi, que me deu oportunidade de entrar na política. Mas deixo o PTB por não aceitar a falta de respeito do Sr. Cláudio Manfrói, quem eu espero que, no futuro, aprenda a respeitar as pessoas – ter respeito com o ser humano. O ser humano acima de tudo, depois o interesses partidários. Eu não sou “vaquinha de presépio” e nem “menino de recados”.

Deixo o PTB e ingresso no PHS. Um Partido pequeno, ainda sem expressão no cenário político nacional, mas tomo esta decisão depois de analisar a proposta deste Partido Humanista da Solidariedade.

Sempre fui um homem que busca no ser humano a razão direta de tudo, que deve ser a meta de todos nós que sonhamos com um mundo melhor; e o Partido Humanista da Solidariedade dá-me a chance de desenvolver o meu pensamento na política.

Quero, junto com o Dep. Federal Roberto Argenta e demais integrantes do PHS, evidenciar o movimento solidário que se consolida a cada dia que passa na sociedade brasileira. Em um Partido sem vícios, percebemos que os valores humanos em ação possibilitam melhores resultados ao bem comum, do que ficarmos discutindo ideologias de um poder econômico, ou simplesmente o poder, que coloca ao longo da história, o homem contra o homem. Queremos resgatar o ser humano. A figura humana daqueles que lutam pela felicidade, e que acreditam que através da solidariedade é possível desenvolver uma política mais humana. Resgatar os principais valores humanos, como agente principal do bem-estar, resgatando o espírito de humanismo solidário. E através dele alcançar a paz na política, colocando o ser humano como valor primeiro, somando o eu mais tu, igual a nós.

Esta nova caminhada que inicio dentro da política, busca resgatar os valores humanos, direcionando-os para suas potencialidades e virtudes natas, para multiplicamos o bem-estar social.

Nosso movimento tem como alicerce a Declaração Universal dos Direitos do Homem e a Doutrina Social Cristã. Nossos princípios fundamentais são: o homem, a solidariedade, a democracia e o comunitarismo de ordem nacional, estadual e municipal. Precisamos ressaltar a responsabilidade e a criatividade de todos, formando um só bloco e estabelecendo o que o PHS é: a busca incessante da solidariedade e do trabalho pelo bem comum. Todos juntos, unidos, buscando desenvolver sujeitos capazes de superar os obstáculos impeditivos de sua plena realização.

Nós, seres humanos, em princípio, somos dotados de inteligência, de razão e de sabedoria. E o que fazemos com essas qualidades inerentes ao ser humano? Discutimos, estabelecemos duelos políticos, somando muito pouco para aquilo que deve ser a ação política de cada um de nós.

Nós, do Partido Humanista da Solidariedade, queremos mais trabalho para o povo, mais respeito com o homem, oportunidade para todos exprimirem suas vontades, seus desejos, seus pontos de vista. Nada deve ser maior do que o ser humano, nada pode ser arma melhor que a solidariedade para tentarmos a igualdade tão sonhada por todos que acreditam no destino, que confiam no futuro desta Cidade, deste Estado, deste País e do mundo.

Nós do PHS queremos que o humanismo solidário busque a mudança social, sonhamos com transformações nas instituições, enfatizando a necessidade de participação direta dos cidadãos nos destinos públicos, o que requer transformações na mentalidade hoje dominante dos indivíduos da política.

É preciso perceber com urgência no mundo atual que, além de valores de liberdade e igualdade, precisamos resgatar a fraternidade, com atuação solidária dos homens entre si e dos homens com as instituições.

Que a nossa Senhora Aparecida e Deus me iluminem para que eu possa, nessa nova etapa da minha vida, atingir os meus objetivos na política, que é de trabalhar pela sociedade, respeitando o ser humano como célula principal da própria vida.

Responsabilidade nos meus atos; respeito ao ser humano; participação de solidariedade entre as pessoas que fazem uma cidade, um estado, um país.

O PHS está aberto a todos vocês deste Parlamento para todas as decisões que venham ao encontro do bem estar da coletividade porto-alegrense. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Queremos anunciar que, neste Domingo, o nosso colega, Ver. Marcelo Danéris, estará de aniversário. Então, Vereador, receba, em nome da Casa, dos trinta e três Vereadores, do Presidente Fernando Záchia, que não está aqui, hoje, os votos de congratulações. Parabéns, Vereador.

A Ver.ª Helena Bonumá está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. HELENA BONUMÁ: Sr. Presidente, Sr.ªs e Srs. Vereadores, uso o espaço de Comunicações para tratar de dois assuntos. O primeiro deles é que, nessa terça-feira, foi inaugurada, em Porto Alegre, a 8ª Feira da Reforma Agrária. Ao longo de alguns anos, tem-se estruturado uma ação efetiva entre as iniciativas da COCEARGS, que é a cooperativa estadual que reúne os assentamentos de sem-terra, os sem-terra que já são assentados, que já obtiveram a terra e que já estão produzindo e a Secretaria Municipal de Indústria e Comércio – SMIC. Eu chamo a atenção para essa iniciativa, porque ela se insere dentro de um conjunto de políticas de afirmação do que nós chamamos de economia solidária. O trabalho da COCEARGS, que congrega essas iniciativas, essas cooperativas dos assentamentos dos sem-terra no Rio Grande do Sul, o trabalho da COCEARGS traz para a nossa Cidade o que chamamos de produto da economia solidária. Nós temos a oportunidade de, pelo oitavo ano consecutivo, termos, no Mercado Público da nossa Cidade, os produtos da Reforma Agrária.

Nós sabemos que a Reforma Agrária é uma política fundamental, sem a qual, no nosso País, nós não teremos democracia econômica e, portanto, não teremos democracia social.

O Movimento Sem-Terra tem tido, ao longo dos últimos anos, a importância política de estar trazendo para o cidadão da Cidade, trazendo para o público consumidor de alimentos, que somos todos nós, a necessidade e a importância de que democratizemos o acesso à terra, democratizemos as políticas e o crédito, na contramão do que nós verificamos que tem acontecido no nosso País, onde há uma centralização dos recursos, da riqueza, do poder em detrimento da grande maioria da população. Nós sabemos que o incentivo às políticas agrícolas é necessário para a fixação das pessoas no campo, no meio rural, para que tenhamos, sim, alimento mais barato. Ontem, no Mercado Público, foi lançado o livro O Mundo Não É Mercadoria, de José Bové e François Dufourt. O Bové ficou famoso no Estado do Rio Grande do Sul quando, por ocasião do Fórum Social Mundial, juntamente com o Movimento Sem-Terra, fez uma ação de contestação à plantação de soja transgênica da Monsanto, uma empresa multinacional, que tem forçado, sucessivamente, infelizmente com algum sucesso, o Governo Brasileiro no sentido de liberar a soja transgênica no Brasil. O Brasil ainda é um dos únicos redutos onde não se planta, onde a liberação dos transgênicos não é efetiva, não é respaldada por lei, em que pese essa empresa sistematicamente esteja forçando o Governo Brasileiro. A Procuradoria da República coloca sempre que um dos maiores tensionamentos que a iniciativa privada já fez para cima de um Governo, no Brasil, é o da Monsanto em cima do atual Governo Brasileiro. Nós temos certeza, como foi colocado ontem lá, pelo João Pedro Stédile e pelos debatedores do lançamento do livro do Bové, que nós vivemos um processo que é de monopolização da agricultura, dos insumos agrícolas e, agora, de mercantilização de uma coisa que é essencial para a vida humana, que é a semente, Ver. Ervino Besson.

A semente, que é a origem da vida, que é a origem dos alimentos, está sendo vista, cada vez mais, unicamente como mercadoria. A idéia de que dali sai o sustento humano, a idéia de que a fonte da vida está completamente secundarizada, na medida em que a engenharia genética, ao invés de ser utilizada para o melhor desenvolvimento humano, está sendo utilizada para maior lucro para essas empresas que produzem os alimentos transgênicos, as sementes transgênicas. Isso vem no pacote, porque a semente transgênica da empresa Monsanto, a transgenia - a modificação genética que tem incorporada nessa semente -, é a resistência dela ao próprio herbicida da Monsanto, o Roundup. Portanto, ao mesmo tempo em que atrela o produtor ao campo, ao mesmo tempo em que subordina a lógica da pequena agricultura familiar e da agricultura que produz para a vida, da agricultura que produz alimentação, ao mesmo tempo em que subordina a lógica do mercado, nós sabemos que faz mal para o meio ambiente, faz mal para a saúde. Tira cada vez mais a agricultura do controle dos produtores, fazendo com que eles sejam meramente uma correia de repetição e de transmissão do lucro para as indústrias, seja a indústria da semente, seja a indústria do agrotóxico, seja a indústria da alimentação.

Para finalizar, quero lembrar que domingo é dia de eleição para o Conselho Tutelar. Nós chamamos a todos os cidadãos e cidadãs desta Cidade para que se façam presentes na urna, em defesa do Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA, e da construção de direitos por uma sociedade mais democrática, que efetivamente incorpore as nossas crianças no seu desenvolvimento. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Ervino Besson está com a palavra em Comunicações, por cessão de tempo dos Vereadores Humberto Goulart e Isaac Ainhorn. Portanto, Ver. Ervino Besson, V. Ex.ª dispõe de dois períodos de cinco minutos.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, primeiramente, quero agradecer, com muito carinho, aos colegas Vereadores Humberto Goulart e Isaac Ainhorn, que me cederam seu tempo no Período de Comunicações. Eu queria, hoje, desta tribuna, abordar três assuntos. O primeiro: ontem, na sede do Diretório Regional do PDT, tivemos uma grande festa. Creio que ficará na história do Partido Democrático Trabalhista esse evento de ontem, onde o Ver. José Fortunati, com a presença do líder nacional do PDT Leonel Brizola, assinou ficha no PDT. Foi uma grande festa, onde tivemos a oportunidade de estar juntos, participar, e deu para sentir a emoção das pessoas que lá estiveram, que se manifestaram da tribuna. Tenho a certeza de que foi um evento que ficará marcado na história do trabalhismo, pelo desafio que vamos ter pela frente.

O Ver. José Fortunati, pela sua trajetória, pela sua história política, pela sua luta, principalmente em favor das classes populares, terá um desafio, junto conosco, que nos espera ali adiante.

Temos certeza de que, com a vinda do Ver. José Fortunati, o PDT terá mais este desafio, porque a história do trabalhismo, que tanto fez, tem muito a fazer ainda pelo nosso povo, principalmente pelas nossas classes menos favorecidas pela sorte.

Mas, o destino das nossas vidas sempre nos reserva algumas surpresas. Tinha mais um compromisso, ontem, e saí de lá às 11h da noite. Quando me dirigia ao meu veículo, notei que ele havia sido arrombado. Veja V. Ex.ª, Ver. Pedro Américo Leal - e é por isso que temos que agradecer a Deus todos os dias, quando nos acordamos, pelo que está reservado para a gente durante o dia -, que aquela pessoa que arrombou o meu veículo estava-me aguardando. Saí com várias pessoas - inclusive pessoas de Bento Gonçalves e de Caxias -, e a pessoa tinha já preparado a minha pasta, porque, como todos os Srs. e Sr.ªs Vereadores, levo tudo dentro do veículo, porque necessitamos de documentação, material, dinheiro, enfim, talão de cheques, tudo. Eu estacionei o meu veículo ao lado de uma árvore, meio escondido, porque não tinha lugar, e a pessoa estava lá, preparou todo material, máquina fotográfica, e estava aguardando a minha chegada, mas como cheguei com várias pessoas, ela se assustou e fugiu. Por que digo que ela estava aguardando ou para levar meu carro ou para me levar junto? Porque se ela quisesse arrombar o carro só para levar o que tinha dentro, ela teria arrombado e levado o material e ido embora. Ela arrombou e ficou me aguardando, pois o material estava todo pronto e ela fugiu. Ela simplesmente estava me atocaiando para me levar.

Mais uma vez, agradeço a Deus por estar aqui, vivo, pois nunca se sabe o que poderia ter acontecido. A pessoa, quando prepara da forma como ela preparou, como viram as pessoas que tiveram a oportunidade de me acompanhar depois, estava mal intencionada.

A Ver.ª Helena Bonumá também já se manifestou nesta tribuna, informando que, no Domingo, nós teremos eleições para o Conselho Tutelar. Este Vereador também faz um apelo à população para que vote. Não é um voto obrigatório, mas a responsabilidade desse voto é muito grande, porque são as pessoas escolhidas para fazer um trabalho digno para as crianças da nossa Cidade.

Nós temos de retomar a discussão sobre a forma de como são escolhidas as pessoas que vão concorrer a conselheiros tutelares. Eu não concordo com a prova a que são submetidas essas pessoas, pois se elas conseguem juntar a papelada como a Lei exige, têm um conhecimento e um trabalho junto a suas comunidades, isso deveria ser a prova principal para que a pessoa tenha condições e preparo para ser conselheiro tutelar. Eu questiono a prova, porque existe o nervosismo das pessoas... Há uma avalanche de pessoas que estão com problemas na Justiça. Eu penso que a prova maior para escolher o conselheiro é o povo de sua comunidade. Quem nos coloca nesta Casa para representar o povo é o voto na urna, o voto legítimo do povo. Então, quem tem legitimidade de escolher, Ver. Elói Guimarães, é o povo, a comunidade, que conhece a pessoa, sabe quem está preparado para ser conselheiro tutelar. Agora, a prova, eu questiono e nós temos que levantar essa discussão nesta Casa, porque todo cargo público, hoje, desde o Presidente da República até o Vereador, não é submetido à prova, pois a prova maior é o povo, é o voto da urna, o legítimo voto popular. E esse problema que está-se arrastando na Justiça, Ver.ª Helena Bonumá, que preside esta Sessão nesse momento, que também tem um trabalho muito grande nessa área, não sei qual o pensamento de V. Ex.ª, parece que há em torno de cinqüenta processos na Justiça de conselheiros que entraram na Justiça, a Justiça deu liminar favorável, parece que a liminar foi sustada pela Prefeitura – não sei se foi a Prefeitura que entrou -, enfim, há uma disputa jurídica nessa questão. Eu vejo que não é por aí a coisa, pelo menos é a visão deste Vereador. Portanto, vou encerrar essa parte, mas temos que retomar a discussão com muita seriedade e com muita avaliação no sentido de ver até que ponto essa prova é benéfica para a escolha do nosso representante no Conselho Tutelar. Portanto, as pessoas que nos assistem pela TV Câmara não esqueçam, não é voto obrigatório, convidem a sua família, seus amigos e vão domingo às urnas para escolher o seu conselheiro comunitário, aquela pessoa que tem representatividade e que tem um trabalho em suas comunidades.

Outra questão que eu quero colocar é – eu e o Ver. Adeli Sell entramos com um Projeto de Lei, Processo nº 3.686/01, que dispõe sobre o licenciamento de guarita para prestação de serviço em segurança privada. O que nós queremos? Que, quando alguma empresa, ou grupos de pessoas que vão à Prefeitura solicitar uma licença para colocar uma guarita em determinadas ruas, que a Prefeitura examine se é uma empresa idônea, uma empresa que tenha o seu registro legalmente reconhecido, porque o que está acontecendo hoje, na Cidade de Porto Alegre, é uma coisa inexplicável: meia dúzia de pessoas se reúnem, formam uma empresa, conseguem uma licença para instalar uma guarita e colocam ali qualquer pessoa para fazer a segurança. Têm acontecido diversos casos, Ver. Pedro Américo Leal, de pessoas que pensam que estão sendo guarnecidas por um segurança de fato, e não é!

Este é um Projeto que deverá abrir uma ampla discussão nesta Casa, e nós vamos discuti-lo com muita profundidade para que haja uma forma legal, uma forma responsável de as pessoas terem, sim, mais segurança e não mais insegurança. Saúde, paz e segurança. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores eu tenho muita preocupação com a saúde da população porto-alegrense, em especial, evidentemente, por contato mais direto, com a saúde dos servidores municipais. E a saúde começa com uma boa alimentação.

Pela preocupação com a boa alimentação, já que nós podemos atuar na área do Município apenas, eu fiz Emendas ao Plano Plurianual e à Lei de Diretrizes Orçamentárias para que o servidor municipal, para que o servidor da Câmara Municipal de Porto Alegre pudesse ter uma alimentação melhor. E também fiz uma Emenda, no sentido de que pudesse obter remédios para a recuperação da saúde, através de uma Emenda propondo a criação de um laboratório farmacêutico na Prefeitura Municipal.

Estou falando isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, porque hoje, no entendimento deste Vereador, é um dos dias mais importantes do encontro do Legislativo e Executivo. Os avulsos entregues a nós dizem que S. Ex.ª o Sr. Prefeito Municipal, Dr. Tarso Fernando Hertz Genro, comparecerá a esta Casa para entregar a proposta orçamentária. A proposta orçamentária é a saúde e a vida do Município, daí é que lhe sai o sangue para que as obras sejam realizadas. Por isso, eu espero que o Prefeito tenha a sua presença confirmada, porque nós temos, sem dúvida nenhuma, a necessidade do respeito de parte do Executivo para o Legislativo. O Prefeito, não o Vice-Prefeito. Tenho todo o carinho pelo Vice-Prefeito, João Verle. Foi nosso colega aqui neste Plenário, excelente colega, mas o Orçamento é o momento mais importante de cada Sessão Legislativa. Por isso, eu vivo dizendo que nós não precisamos fazer leis: precisamos ajudar a fazer a Lei de Diretrizes Orçamentárias, as alterações do Plano Diretor; não precisamos de mais leis. Precisamos fiscalizar o cumprimento das lei , o cumprimento do Orçamento proposto – que, eu digo de novo: é a vida e a saúde da Cidade.

Eu não sei os dados do Orçamento que S. Ex.ª o Dr. Tarso trará hoje a esta Casa, não sei. Mas posso, fazendo uma análise do que ocorreu até o dia 31 de agosto - eis que ontem foi publicado o balancete do mês de agosto - posso ver que a Prefeitura vai bem, obrigado, em matéria de recursos. No ano de 2000 houve uma previsão orçamentária de 835 milhões de reais. E a Prefeitura arrecadou 1 bilhão e 19 milhões de reais. Para 2001 a mesma Prefeitura que arrecadou 1 bilhão e 19 milhões propôs 1 bilhão e 17 mil. A arrecadação que está acontecendo está toda ela acima dos percentuais previstos, então nós podemos ter certeza de que não será apenas 1 bilhão e 17 milhões que a Prefeitura vai arrecadar. Vou colocar alguns exemplos. Total do Fundo de Participação do Município previsto para 2000: 21 milhões de reais. A Prefeitura arrecadou 33 milhões e 700 mil e propôs, para 2001, 27 milhões, mas já arrecadou 29 milhões e 800 mil. Está muito acima da previsão. Imposto de Renda na Fonte: em 2001, a Prefeitura previu 16 milhões de reais; arrecadou 35 milhões e 600 e propôs, para este ano, 24 milhões e 270. Já arrecadou 26 milhões e 200 mil acima do previsto em oito meses. IPVA: 44 milhões previstos para o ano de 2000, e a Prefeitura arrecadou 54 milhões e 200. Propôs, para 2001, 44 milhões e meio. Propôs 44 milhões e meio outra vez e já arrecadou, até 31 de agosto deste ano, 56 milhões e 700 mil reais. E assim está acontecendo com toda a proposta orçamentária. Por isso espero que, hoje, o Prefeito Tarso Genro traga a esta Casa uma proposta orçamentária dentro da realidade, porque, com o corpo técnico, com a quantidade imensa de servidores que há no Município, temos todas as possibilidades de orçar a receita e fixar a despesa. Saúde e paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra em Comunicações, por cessão de tempo do Ver. João Bosco Vaz.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, tivemos a oportunidade de participar com outros Vereadores de um encontro extremamente importante promovido pelo SINDILOJAS, na sua sede, onde participava também o Sindicato dos Comerciários, em torno de um tema da maior significação para a Cidade de Porto Alegre, que é a questão ligada ao Centro de Porto Alegre. E não é só ao Centro de Porto Alegre, é referente aos camelôs, ambulantes, porque se nós examinarmos, hoje, o Centro da Cidade está praticamente ingovernável, o Município, o Prefeito, o Executivo perderam o controle absoluto sobre esse problema sério, e não se restringe só ao Centro de Porto Alegre. Se nós percorrermos a Av. Assis Brasil, há duas colunas de ambulantes, camelôs, praticamente isolando os passeios dessa avenida. Um cidadão me disse que um lojista, diante da gravidade do problema, resolveu ocupar a sua frente, sim, eu acho até que numa ação de legítima defesa em face da falta de autoridade para regrar essas coisas que acontecem em Porto Alegre.

Estamos diante de um problema muito sério, que deve ser analisado. Historicamente, temos um pensamento a respeito, há problemas sociais. Até que ponto esses problemas têm significação? Até que ponto nós estamos equivocados? Até que ponto isso desemprega ou emprega? É outra discussão, uma nova discussão, um novo momento que vamos examinar e desenvolver.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Elói Guimarães, quero cumprimentá-lo pela análise, só vou fazer uma pequena discordância: o Município não perdeu o controle, ele não quis controlar. Vou-lhe dar um exemplo; recentemente, no Largo Glênio Peres, um violinista que tocava a sua música e encantava a população, vendia os seus CDs, não pedia nada a ninguém, portanto alegrava, esse foi tirado a força, chegando até a agressão física. Realmente, o Município nunca quis controlar.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: São opiniões. Eu prefiro ficar com a minha opinião, entendendo que o Município perdeu a força. Deixei uma sugestão no debate altamente produtivo que fizemos, tratando de questões importantes da economia da Cidade. Inclusive, deixei a minha sugestão no sentido de se formar uma grande comissão interdisciplinar, um verdadeiro mutirão, envolvendo Executivo, Câmara Municipal, SINDILOJAS, Sindicato dos Comerciários, Governo do Estado, Polícia Federal, etc. Um grande encontro. Porque, na realidade, o que está acontecendo é o seguinte: neste comércio todo, onde estão evidentemente pessoas que necessitam trabalhar, deságua ali, Ver. Pedro Américo Leal, o contrabando e o crime. E há informações de assaltos que se fizeram a caminhoneiros, cujas mercadorias terminaram nessas praças, onde se vende absolutamente sem nenhum controle.

Então, nós precisamos debater esta matéria, é matéria atual que nós temos que debater para devolver ao cidadão a cidadania que lhe foi negada. O cidadão, hoje, não tem mais a liberdade de transitar na Cidade. Não é um problema meramente mercadológico, embora importante o aspecto mercadológico, mas lojistas fecham lojas, lojistas desempregam. E, neste sentido, o Sindicato dos Comerciários está junto na luta, porque sabe que estão perdendo emprego. Então, é um assunto da maior importância, do qual a Câmara não poderá ficar distante e tem de dar a sua contribuição. Neste sentido, vamos nos empenhar. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, trago, hoje, um assunto de fundamental importância, que irá até desmascarar algumas propostas, alguns títulos que andam por aí sobre Porto Alegre. E peço a atenção do Ver. Haroldo de Souza, da Ver.ª Maria Celeste e, em especial, do Ver. João Antonio Dib. O assunto dos abrigos para crianças em Porto Alegre.

O Ministério Público entrou com uma ação contra a Prefeitura, ilustre Vereador que me ouve com muita atenção - pedindo uma liminar -, Ver. Paulo Brum, e a Câmara já recebeu a comunicação da liminar, determinando, obrigando o Sr. Prefeito Municipal a incluir no Orçamento do próximo ano, que deveremos receber daqui há pouco, determinando ao Poder Público Municipal, que inclua no Projeto de Orçamento para o ano de 2002, além dos valores necessários para a manutenção das vagas em abrigo que vem provendo, recursos na ordem de 2 milhões 461 mil 680 reais para o custeio da implantação, de duzentas e oitenta novas vagas em abrigos, a partir de 01 de janeiro de 2002. Igualmente fica imposto à municipalidade disponibilizar duzentas e oitenta novas vagas em abrigos, sendo - e agora preste bem atenção, Ver. Paulo Brum -, sessenta e três novas vagas para portadores de deficiências, cento e dezessete em abrigos residenciais, Ver. Haroldo de Souza, as casas-lares e outros tipos de abrigos residenciais, pelos quais V. Ex.ª vem lutando aqui. Cento e dezessete em abrigos residenciais, e cem novas vagas para meninos e meninas de rua. Em caso de desatendimento, ou seja, se a proposta não for incluída, hoje, no Orçamento, fica determinada, Ver. Elói Guimarães, e fixada a pena de multa diária de 13 mil 488 reais e 65 centavos, com destinação específica para o Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente para a criação de vagas em abrigos, em cada uma das situações. Em outras palavras, diz aqui: “A multa cabe tanto pelo não-encaminhamento de determinação de inclusão da verba no Orçamento” - que devemos receber hoje - “ quando de sua apresentação na Câmara de Vereadores, como para o caso de, destinados os recursos, não serem criadas as vagas.”

Ver. Cassiá Carpes, é divulgado que nós recebemos o Prêmio de Cidade Criança não sei o quê. Onde é que está a verdade? Que o Ministério Público teve de exigir do Prefeito criar as vagas, dar verba orçamentária. Balela! Conversa fiada! Se não for colocado, aqui, em lei, fazem propaganda e não cumprem a propaganda. Por isso, eu concordo com a Ver.ª Maria Celeste sobre a importância da eleição para os conselheiros tutelares, que muitas vezes trabalham sem as mínimas condições, não têm onde colocar as crianças desamparadas, não têm. É uma vergonha, por falta de condições. Graças a Deus, ainda há justiça neste País, que coloca as coisas nos seus devidos lugares. E a nós, Vereadores, cabe acompanhar o cumprimento dessa determinação judicial para que o Estatuto da Criança e do Adolescente seja cumprido em Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Encerramos o período das Comunicações. Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 2620/01 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 058/01, de autoria do Ver. Raul Carrion, que concede o prêmio artístico "Lupicínio Rodrigues" ao Compositor e Músico João de Almeida Neto.

 

PROC. 3327/01 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 071/01, de autoria do Ver. Sebastião Melo, que altera a Resolução nº 1.178, de 16 de julho de 1992, e alterações posteriores - Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre. (obrigatoriedade de voto)

 

PROC. 3427/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 235/01, de autoria da Ver.ª Clênia Maranhão, que estabelece percentual mínimo de 25% de participação de afro-descendentes na publicidade oficial do Município de Porto Alegre.

 

PROC. 3500/01 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 077/01, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que concede aos Senhores Antônio Tannous Jraige, Edson Junqueira e Silva, Irineu Ari Ademar Posselt, José Dornelles da Costa, Marco Antônio Arjonas Guillen e Raul Mendes da Rocha o título honorífico de Honra ao Mérito Atlético.

 

PROC. 3501/01 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 078/01, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que concede às Professoras Jeane Arlete Marques Cazelato e Rejane Penna Rodrigues o título honorífico de Honra ao Mérito Atlético.

 

PROC. 3538/01 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 024/01, que altera o art. 20 da Lei nº 6.203, de 3 de outubro de 1988, modificado pela Lei nº 6.412, de 9 de junho de 1989. (alteração de denominação CC/FG)

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 3284/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 231/01, de autoria do Ver. Haroldo de Souza, que denomina Rua Candido Genro Neto um logradouro cadastrado, localizado no Bairro Lami.

 

PROC. 3482/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 237/01, de autoria do  Ver. Carlos Alberto Garcia, que autoriza o Executivo a implantar o Programa Municipal de Saúde Vocal.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Não há nenhum Projeto em primeira Sessão, portanto, os outros Projetos já foram apregoados.

O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, hoje, para mim, é um dia de alegria. Ontem tivemos aqui uma Sessão Extraordinária comovente, linda, com a OSPA e seus violinos alegrando e sensibilizando todos os presentes que homenagearam o Maestro Túlio Belardi, Cidadão Integração de Porto Alegre.

Mas eu estou satisfeito, hoje, porque olho a Pauta e, depois de muito tempo, temos um dia sem nenhum novo Projeto para ser examinado. Hoje, também, me dá alegria o fato de o Prefeito Tarso Genro trazer à Câmara Municipal o Orçamento para o próximo ano. Teremos várias Sessões de debates sobre essa importante matéria, porque o importante não é fazer leis; é cumprir as leis. Nós temos, por exemplo, um Código de Limpeza Urbana que diz que todo o lixo é de responsabilidade da Prefeitura, a sua coleta e destinação final. E contrariando regras de trânsito, contrariando o Código de Limpeza Urbana, eu encontro diariamente em torno das 7h da noite três ou quatro carroças estacionadas na Annes Dias - onde é proibido parar -, coletando lixo. São duas infrações em uma vez só. Temos de fiscalizar as leis, não adianta só fazê-las. Mas os Vereadores estão fazendo leis e nós temos que analisá-las.

Eu já disse que o Prêmio Lupicínio Rodrigues ao compositor e músico João Almeida Netto que o Ver. Raul Carrion propõe é correto, sem nenhuma dúvida vale, o homem tem méritos.

O Ver. Sebastião Melo quer alterar o Regimento dizendo que o Vereador que está no Plenário é obrigado a votar. Não, o Regimento é claro e está presente o Ver. Sebastião Melo e eu vou lhe dar um aparte. O Vereador que não votar é considerado ausente. Isso não tem nada de mais, como se faz numa manobra regimental retirar o quórum. Não há nada contra. Votar abstenção ou não votar, eu não sei bem qual a diferença, mas o Vereador vai melhorar o meu pronunciamento, porque eu tenho todas as dúvidas em relação ao seu Projeto.

 

O Sr. Sebastião Melo: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. João Antonio Dib, em primeiro lugar, agradeço a V. Ex.ª pelo aparte. Em segundo lugar, uma crítica ao Projeto, vinda de V. Ex.ª, enriquece o debate e o próprio Projeto. Mas eu quero dizer que este Projeto de Lei, na nossa avaliação, veio tarde para a Câmara de Vereadores, porque esta Casa, acertadamente, na Lei Orgânica tem a votação aberta e nós temos, no nosso painel, três opções: ou o Vereador vota sim, ou o Vereador vota não, ou abstém-se. O povo de Porto Alegre - que nos elegeu -, espera uma posição clara de cada Vereador. Então, parece-me, se não tivesse no painel “abstenção”, eu até poderia concordar com V. Ex.ª. Agora, não acho correto - e essa Casa já presenciou várias vezes -, que Vereadores estejam dentro do Plenário e não façam a sua opção de voto. A população precisa saber qual é a opinião do Vereador. Então, por essa razão é que colocamos esse Projeto para contribuir com esta Casa que é uma Casa transparente, tranqüila e que evoluiu muito mais do que outras ao longo da sua história e da sua caminhada.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Nobre Vereador, agradeço a V. Ex.ª pelo aparte. Eu algumas vezes me abstenho de votar, mas acho que o castigo que está colocado no Regimento para quem se omite da votação, mesmo estando presente, não deseja votar, é que ele é considerado ausente e, no seu salário, será descontado. Então, é muito mais grave para ele não falar e ser considerado ausente, do que não decidir nada, não responder sim ou não e simplesmente dizer: não quero votar. Qual é a diferença?

Eu acho que a diferença é punir aquele que - estando no Plenário - é considerado ausente. Eu ainda quero uma explicação da Ver.ª Clênia Maranhão sobre esse percentual mínimo de 25% de participação de afro-descendentes na publicidade oficial do Município de Porto Alegre. A publicidade oficial são os editais de concorrência, chamada de candidatos, abertura de concursos, não sei como vai se colocar 25% de afro-descendentes nesses editais. No Cidade Viva, não é publicidade oficial, é propaganda, é reclame, como se dizia antigamente, é dinheiro mal gasto, muitas vezes. Onde informações não-corretas são colocadas e, aí, não sei também se no Cidade Viva, que não socorre a cidade alagada, vai socorrer os afro-descendentes, mas não é o que está no Projeto de Lei da Ver.ª Clênia Maranhão, que espero eu ter a oportunidade de ouvi-la para que, explicando, talvez eu mude de posição. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra para discutir a Pauta. Ausente. O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em Pauta o Projeto de Lei da Ver.ª Clênia Maranhão que estabelece um percentual mínimo de 25% de participação de afro-descendentes na publicidade oficial do Município de Porto Alegre. É um Projeto que visa dar garantia de participação aos descendentes afros. Tem uma tese muito importante que é contestada: é se os direitos, se a dignidade do ser humano deve ser garantida pelo conjunto da sociedade, pela sintonia da sociedade, ou deve ser garantida por força de lei. Nosso consultor jurídico ouve-me com atenção, o Dr. Vedi. É uma tese importante. Eu acho que V. Ex.ª tem até a resposta de que se a sociedade não garante os direitos das pessoas, a lei, em última instância, deve garantir. Então, aqui é sinal de que a sociedade, e nesse caso, a publicidade oficial do Município de Porto Alegre não está apresentando em sua publicidade a garantia de participação de pessoas de origem afro. Eu ainda não tenho posição sobre esse Projeto, gostaria de refletir e aprofundar esses pensamentos. Se a sociedade não garante a dignidade das pessoas, nós temos que garantir por força de lei. É uma tristeza que isso precise ocorrer. Mas vou aprofundar essa decisão.

Foram debatidos também dois Projetos de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que premiam pessoas atletas, esportistas, com o Prêmio de Honra ao Mérito Atlético. Várias pessoas que têm colocado seus talentos em favor do esporte, quer disputando, como atleta, quer incentivando e multiplicando essa dedicação ao esporte. Sem dúvida, Ver. João Bosco Vaz, a atração de crianças para o esporte, dirige para um bom lugar, para bons pensamentos.

Eu gostaria de lembrar o que acontece lá na Chácara da Fumaça. A associação de moradores conseguiu construir a sua sede, e lá verificou que crianças perambulavam pela rua, à mercê das oportunidades, da droga, e sem nada a fazer, sem ter um objetivo; os pais não podem acompanhar seus filhos a todos os lugares. Pois a Associação dos Moradores da Chácara da Fumaça conseguiu um professor de Tae Kwon Do, voluntariamente, e está reunindo quarenta e duas crianças para dar aulas dessa arte oriental, que é o Tae Kwon Do. Espetacular! Eu estive lá três vezes, colaborei também com algumas necessidades dessas crianças e vi o resultado, o respeito das crianças, a acolhida que elas têm pelo seu professor, a mudança que houve no seu comportamento, com relação a família e a sociedade. Então, Ver. João Bosco Vaz, aceite os meus cumprimentos. As pessoas que dedicam a sua vida ao esporte, dedicam-se também a formar uma juventude sã e sadia. Parabéns. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há pouco, disse o Ver. João Antonio Dib que, se as pessoas usassem a linguagem da música, não haveria terror. Efetivamente, Vereador! Por isso, apoiamos a proposição que concede Prêmio Artístico Lupicínio Rodrigues ao compositor e músico João de Almeida Neto, uma proposição do Ver. Raul Carrion. É extremamente meritório esse Prêmio que faz referência à trajetória de Lupicínio Rodrigues, uma pessoa inigualável, e à parte da história da nossa Cidade. Por isso lembro que este ano teremos a terceira edição da Feira do Disco em Porto Alegre, inclusive haverá uma banca de produtores independentes para fazer aflorar os valores locais, do nosso Brasil e América meridional.

Eu também gostaria de comentar a proposição do Ver. Sebastião Melo, que muda o Regimento desta Casa e coloca a obrigatoriedade do ato de votar para quem está no Plenário. É evidente que há as chamadas manobras de Plenário, como a retirada de quórum que, sem dúvida nenhuma, são aceitáveis como jogo, entre aspas, parlamentar. No entanto, se o Vereador está no recinto do Plenário, as pessoas que estão aqui, os Srs. Vereadores, a assistência e, evidentemente, quem assiste a TVCâmara querem saber qual a opinião do Vereador. Se o Vereador é a favor ou contra, ou se ele se abstém; agora, ficar no Plenário como se não estivesse aqui e não votar é um equívoco. Por isso, Ver. Sebastião Melo, eu vou acompanhar a sua proposição de obrigatoriedade de voto neste caso.

Eu tenho profundas dúvidas, mas profundas dúvidas mesmo sobre o Projeto da Ver.ª Clênia Maranhão, que estabelece percentual mínimo de 25% de participação a afro-descendentes na publicidade oficial de Porto Alegre. Eu sou a favor das cotas, Ver.ª Helena Bonumá. O nosso Partido, na minha opinião, acertou em ter um percentual mínimo de participação nas direções. Eu tive o privilégio de compartilhar com a Ver.ª Helena Bonumá a Executiva do Partido, e vi o quanto era importante que companheiras nossas, que se não fossem as cotas talvez não estariam na direção partidária, e com esse mecanismo das cotas tiveram uma brilhante participação e nos ensinaram muito. E nós aprendemos, sem dúvida nenhuma, com essa pluralidade que é a nossa sociedade. A Cidade de Porto Alegre é multirracial, multifacetada. É difícil optar por uma percentagem, um quarto da população, porque é muito genérico. Os Estados Unidos, por exemplo, para esconder o alto grau de racismo que existe na sociedade, foram o primeiro país a aceitar com tranqüilidade a questão de afro-descendentes, afro-americanos.

Eu confesso que vim aqui exatamente para tentar abrir um diálogo, principalmente com a minha colega de Bancada, Ver.ª Helena Bonumá, que tem trabalhado essas questões, mas hoje eu teria dúvidas – ainda bem que estamos apenas discutindo Pauta sobre esse Projeto -, penso que precisamos refletir mais, talvez fazer um bom debate, porque a sociedade porto-alegrense é tão diversificada, tão multifacetária, que me parece que um quarto é muito difícil optar, assim, lendo o Projeto, com todos os argumentos, nessa questão. Fica aqui, portanto, o direito à dúvida, o direito à pergunta e o direito à reflexão. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para discutir a Pauta. Desiste. O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir a Pauta. Ausente. O Ver. Ervino Besson está com a palavra para discutir a Pauta. Desiste. O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vou-me ater ao Projeto em Pauta da Ver.ª Clênia Maranhão, que trata das quotas aos descendentes afro-brasileiros. Acho que precisamos fazer uma discussão profunda em torno desta questão. Quotas para este ou aquele, dependendo do sexo, da raça, etc. e tal.

Reside aí um resquício de alta discriminação, uma cultura discriminatória que se calou, historicamente, na consciência. Porque, numa primeira tomada sobre a matéria, sobre o assunto, já vejo pessoas separadas. Brancos e negros, quota para os negros, ou quota para os brancos, quota para as mulheres, já há uma discriminação, na medida em que distingo, na medida em que estabeleço esta regra.

Somos um país mestiço. A fluir o critério adotado aqui em Porto Alegre, exemplificativamente no Rio Grande do Sul, nos transportamos para a Bahia. Então, a Câmara Municipal de Salvador vai estabelecer o seguinte: aqui é 25% para os brancos. Vejam que com isso está-se trabalhando na questão da emocionalidade, está-se trabalhando sobre efeito, sem aprofundar a questão que é básica. A discriminação é odiosa, a sociedade a repugna. A mulher não quer favor, ela quer igualdade; o negro não quer privilégio, ele quer igualdade. Mas é preciso que se mude a cabeça e a consciência das pessoas para não discriminarem, porque no momento em que tirarmos a ação central e fundamental, que é a discriminação, essas questões inexistirão. Percentual para cá, percentual para lá, isso é uma imposição, fruto de um desenvolvimento cultural discriminatório. Nós trabalhamos em cima das emoções, quando não da demagogia para se colocar bem: “Olha, estou bem com as mulheres, estou bem colocado com os negros, os afro-descendentes”. Não é o caso aqui, evidentemente, mas há uma visão cultural equivocada nessa matéria. A mulher não quer favor, ela não quer privilégios, ela só quer igualdade. Que a sociedade não estabeleça mecanismos de desigualdade para ela, por ser mulher. Agora, se estabelecer um mecanismo que a eleve sem razão de ser, parece-me que isso é, de pronto, ver nela alguém que não reúne capacidade.

 

O Sr. Raul Carrion: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Elói Guimarães, penso que uma das máximas do direito diz que tratar de forma igual os desiguais é uma injustiça, e que justiça é tratar de forma desigual os desiguais. Então, muitas vezes, projetos de discriminação positiva sãos necessários - estou falando em tese - porque a desigualdade real os impõem. Hoje, é claro que, numa sociedade de hegemonia totalmente branca, há uma desigualdade muito grande em relação aos negros, e, numa sociedade machista, há uma desigualdade muito grande em relação às mulheres. Estou colocando essa questão para reflexão.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Encerro, Sr. Presidente, mas nós vamos retornar a esse debate. Vejo aí um resquício cultural histórico de discriminação. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Queremos registrar a presença do nosso ex-Vereador e ex-Presidente desta Casa querido amigo Wilton Araújo. Seja bem-vindo sempre, Vereador!

A Ver.ª Helena Bonumá está com a palavra para discutir a Pauta.

 

A SRA. HELENA BONUMÁ: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, o debate feito, nesta tribuna, pelos Vereadores João Antonio Dib e Elói Guimarães em relação ao Projeto da Ver.ª Clênia Maranhão, que estabelece quota de 25% na publicidade oficial do Município de imagens com a população negra da nossa Cidade reflete bem a necessidade que nós temos, como Casa Legislativa, como sociedade e como instituições públicas, de aprofundarmos mais o debate sobre as políticas de ação afirmativa que, nas mais diferentes áreas, são necessárias para que compensemos e revertamos um quadro que é histórico, estrutural, de discriminação de alguns segmentos da nossa sociedade.

Em primeiro lugar, é importante que se registre o reconhecimento dessa discriminação. Nós temos que partir, Ver. Elói Guimarães, do reconhecimento de que a discriminação existe e é desenvolvida, ao longo da história, por diferentes mecanismos e por uma ausência de políticas que intercedam junto às causas dessa discriminação e que não mais permitam que ela se reproduza.

 

O Sr. Elói Guimarães: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Ver.ª Helena Bonumá, acompanho o raciocínio de V. Ex.ª e, na medida em que nós estabelecemos o percentual, nós consagramos, ou seja, nós assimilamos a discriminação e a mantemos.

 

A SRA. HELENA BONUMÁ: Não. Vamos dialogar no seguinte sentido: nós, que defendemos a quota de 30% para mulheres na atividade político-partidária, como nós temos no Partido dos Trabalhadores, não entendemos, em nenhum momento, que a política de quota, fixando um percentual, seja o ideal do que nós queremos de funcionamento de uma sociedade ou de uma lei numa democracia e, muito menos que isso, por si só, baste e seja uma solução definitiva. Mas a nossa própria experiência de quota de 30% de mulheres tem demonstrado que, se não fosse a quota que atualmente fixa um percentual de mulheres participando nas eleições legislativas, nós não teríamos as mulheres incorporadas, assim como não teremos os negros contemplados também, porque o mecanismo natural da nossa sociedade é reproduzir essas discriminações. Pode ser por critérios diferenciados das formas mais sutis possíveis, mas a sociedade reproduz essa discriminação, que é histórica. Portanto, se nós não incidimos... E o Ver. Raul Carrion foi muito feliz quando levantou a máxima, que tem sido a nossa, de dizer que nós temos que tratar os desiguais de forma desigual, porque nós temos que compensar a desigualdade histórica que existe. E nós só compensamos essa desigualdade, que é uma desigualdade de condição de vida, de possibilidade de vida, de acesso aos benefícios, de desenvolvimento humano, desigualdade em termos da cidadania, desigualdade em relação ao poder, só alteramos essa assimetria do poder se nós, efetivamente, tivermos instrumentos para isso, instrumentos legais, a lei; portanto, mecanismos, regras que possibilitem que se altere uma situação que, pela naturalidade da vida na sociedade, vai-se reproduzir, podendo-se, inclusive, agravar. Portanto, as políticas de quotas, Ver. Elói Guimarães, não são vistas como uma medida definitiva que vai resolver um problema; elas são vistas como um instrumento necessário, uma cirurgia necessária na relação que nós vivemos, para começar a criar condições de gerar uma transformação.

Com o mecanismo da quota para as mulheres, o que se verifica? Que, a partir do momento em que 30% de mulheres ingressam na direção político-partidária, com o correr do tempo, forma-se uma geração de mulheres dirigentes, que, se não fosse a quota, provavelmente não se formaria. Essa geração de mulheres dirigentes consegue colocar em marcha uma série de outras questões, e a sua própria atuação vai conduzindo uma mudança cultural, uma mudança política, uma mudança concreta. Vai-se constituindo um contingente maior de mulheres como sujeito político, o que vai começando a reverter essas condições. Da mesma forma, nós falamos em relação aos negros. Esse é um debate em aberto na luta e no movimento de combate ao racismo, mas, com certeza, a conferência realizada recentemente na África - Conferência de Combate ao Racismo, à Xenofobia e a outras Formas de Discriminação -, da qual a Ver.ª Clênia participou, representando esta Casa, deve ter reforçado a necessidade, para finalizar, Sr. Presidente, de medidas como essas, para que, efetivamente, rompamos, Ver. Elói Guimarães, essa lógica de reprodução. Essa lógica não se romperá se não tivermos os instrumentos concretos, mecanismos concretos que possam ir, aos poucos, revertendo essa situação e criando, de fato, possibilidades para que se alcance uma igualdade. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Encerrado o período da Pauta. O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, aproveito inicialmente para saudar o nosso amigo, companheiro que está assumindo, Ver. Wilton Araújo, que já esteve conosco nesta Casa durante muito tempo, sendo nosso Presidente, numa atuação brilhante, por muitos anos. Seja bem-vindo, nobre Ver. Wilton Araújo.

Anunciam os jornais e a mídia em geral que chegará a esta Casa, hoje, trazido pelo Sr. Secretário da Fazenda, o Projeto de Imposto Progressivo, e outras decorrências desse Projeto. Nós queremos deixar a nossa manifestação de - já adiantando a discussão – que, por certo, temos que discutir, ampliar essa discussão com a sociedade, nos termos que o Partido dos Trabalhadores tanto recomenda nos palanques, então que isso seja transformado em realidade. Eu alerto os porto-alegrenses sobre aquilo que o Ver. João Antonio Dib e o Ver. Isaac Ainhorn já têm publicamente manifestado, principalmente o Ver. João Antonio Dib, nesse aspecto, ou seja, que não se trata, senhoras e senhores, pura e simplesmente, de fazer aquela justiça fiscal que está-se alardeando, aquela “robinnhoesca” ficção de tirar mais dos que têm mais para dar para os que têm menos. Não! Esse é o discurso, esse é o pano de fundo! A realidade porto-alegrense de todas as gerações, a realidade é que se quer é aumentar a planta de valores de todos os porto-alegrenses, de todos os senhores e senhoras que estão aqui, que estão em casa, que estão ao longo do caminho de seus trabalhos ou nos seus próprios trabalhos. Quer-se aumentar a planta de valores, isso significa, traduzindo, que... E o Sr. Secretário da Fazenda disse, com todas as letras, sexta-feira ou sábado passado, para a Zero Hora e diz hoje no Correio do Povo que: “Há que se ampliar, há que se aumentar o valor venal dos imóveis porque eles estão defasados.” Ora, isso significa que vão aumentar impostos para todos os porto-alegrenses. Fala-se em imposto progressivo porque aí quer-se dizer que quem tem imóveis de maior valor no Projeto que está aportando hoje, aqui, terá a alíquota diferenciada; diz o Projeto que é de 0,4, se não me engano, a 1,2. A alíquota geral hoje em Porto Alegre para todos nós, para nossas residências, é de 0,85, e, no meu entendimento, já existe o imposto progressivo aí, porque se é um imóvel que vale 300 mil, 0,85, paga “x” de imposto. Agora, se o imóvel vale o dobro, 600 mil, 0,85 sobre 600 mil é progressivamente mais. É evidente, é lógico, é linear. Mas não é isso. O que se quer e a Emenda Constitucional do ano passado nº 29 permitiu... Mas antes de ela permitir, e isso é bom que se registre nesta Casa e para todos os porto-alegrenses, antes de ela permitir, a Emenda Constitucional nº 29, que foi aprovada no ano passado, que permitiu a progressividade, Porto Alegre, através da Administração Popular, já tentou isso no passado e o fez com imposto progressivo. Já aplicou o imposto progressivo! E o Ver. João Antonio Dib questionou, na época, com procedência, e, no Supremo Tribunal Federal, tiveram ganho de causa todos os porto-alegrenses que entraram com processos no Tribunal alegando a inconstitucionalidade. Tanto é verdade que agora veio a Emenda Constitucional nº 29, do ano passado, que agora permite cobrar, sim, mas não obriga. E nessa crise que estamos vivendo, em que ninguém é aumentado no seu salário, em que a riqueza não circula, o aumento do Governo Federal é 3,0%, ou seja, vexatório, ridículo! E aí querem aumentar os impostos de todos os porto-alegrenses, através do aumento da planta de valores, do aumento do valor venal dos imóveis. Eu diria que o aumento do valor venal do imóvel até pode valer, mas ninguém paga, porque, na realidade, não há dinheiro, não há circulação de riqueza.

Então, Sr. Presidente, concluindo, quero dizer claramente que a questão da progressividade, que, aliás, não é progressividade, é seletividade, é selecionar zonas em Porto Alegre para aplicar um imposto imenso, alegando que um proprietário de imóvel de maior valor tem de pagar mais. Agora, não é essa a questão, porque, somando-se, matematicamente, o que seria essa seletividade, ou progressividade dos imóveis de maior valor, jamais daria a receita que vai dar a planta de valores, porque aí aumentar-se-ão todos os imóveis de Porto Alegre. Essa é a questão. A progressividade, senhoras e senhores, é uma cortina de fumaça para o aumento puro e simples de imposto através da planta de valores. Esta é uma verdade irretorquível e inquestionável. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra em Tempo Especial.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras, Srs. Vereadores, quero saudar, neste momento, os suplentes de Vereadores desta Casa Wilton Araújo, ex-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, e Paulinho Rubem Berta. Quero saudar o Sr. Luiz Carlos Melo, Presidente do Diretório Metropolitano do PPS; Sr. Fernando Strelau, Secretário-Geral do Diretório Metropolitano; o Sr. Eduardo Malhuy, Secretário do Diretório Metropolitano; o Dr. Valter Nagelstein, membro do Diretório, vice-candidato a Prefeito desta Cidade; quero saudar também a Sr.ª Márcia Mendes, Coordenadora da Secretaria da Mulher; Paula Mascarenhas, Coordenadora da Bancada do PPS na Assembléia Legislativa; os representantes dos Deputados da Bancada do PPS na Assembléia; a Sr.ª Ana Yung, Assessora de Imprensa da Bancada na Assembléia Legislativa; Mirian Abruch; as mulheres militantes do Movimento Sindical que estão aqui presentes, do Movimento de Mulheres. Senhoras e senhores, companheiros e companheiras. Neste momento, oficializo a esta Casa uma das mais importantes e difíceis decisões da minha vida política. Comunico às senhoras e senhores que saí do PMDB e entro, com muito orgulho, no PPS, Partido Popular Socialista. Quero, neste momento, agradecer a todos que compartilharam comigo os caminhos do sonho e da esperança, acreditando ser o MDB e o PMDB os caminhos através dos quais poderíamos construir um Brasil melhor. Após mais de duas décadas de militância partidária, faço uma mudança, sobre a qual muitos me alertam que pode não ser a mais pragmática do ponto de vista eleitoral. Quero fazer com vocês uma reflexão sobre isto: troco a confortável posição de Liderança e de dirigente antiga de uma instituição partidária pela opção de mostrar à sociedade que ainda acredito e quero acreditar sempre em valores como a ética e a democracia. Estou segura de que o povo gaúcho compreende e pactua com essas crenças. Os rumos dados pela Direção do PMDB Nacional para o PMDB de todo o País afastou o Partido da sua história forjada nas lutas pela Anistia, pelas Diretas Já, pela democracia. Sob a direção de Jader Barbalho, Gedel de Lima, Renan Calheiros, Eliseu Padilha, Michel Temer e muitos outros, o PMDB não é mais o mesmo, existindo apenas no imaginário dos seus aguerridos e insistentes militantes. Não me identifico com aqueles que hoje mandam no PMDB, me associei à luta interna e, como sempre, afirmei: eles não me representam. Fomos derrotados muitas vezes, consecutivas vezes, numa luta interna, culminando com a derrota imposta ao nosso Senador José Fogaça, por duas vezes, à Presidência do Senado, derrota imposta por Jader Barbalho e seu grupo, com a conivência de muitos e a omissão de vários. Essa realidade inviabilizou a minha permanência, porque quero sempre, em qualquer circunstância, ser fiel às minhas crenças e fiel à minha história.

Sou a favor da tese da fidelidade partidária, mas ela se inviabiliza quando a direção de uma instituição a faz infiel aos seus princípios; optei, então, pela fidelidade àquilo que acredito. O Partido é instrumento do nossos sonhos, eu troco de Partido, mas meus sonhos continuam os mesmos. Saio do PMDB, após meses de reuniões e debates políticos com o um grupo do qual eu me orgulho muito e retornei com eles ao debate político e à esperança. Essa experiência me mostra que, mesmo adultos, temos a coragem da juventude e que ela permanece no coração dos adultos quando há certeza nos nossos passos. Não poderia, neste momento, deixar de fazer o meu tributo à coragem de políticos gaúchos como Antonio Britto, ex-Governador do Estado; Deputado Federal Nelson Proença; os Deputados Estaduais Cézar Busatto, Paulo Odone, Berfran Rosado, Yara Wortmann e Mário Bernd, que saem de um partido um ano antes das eleições, mantendo as suas coerências e acreditando que seguirão as suas lutas nos novos passos. Quero resgatar, neste episódio, a coerência inigualável que tem tido o Senador José Fogaça. Quero dizer a todos, a todos vocês, neste momento de grande emoção da minha vida, que guardo e guardarei, assim como todo o Rio Grande, nas minhas lembranças, uma enorme gratidão pelo Senador Pedro Simon.

Quero agradecer, de uma forma muito especial, à equipe do meu gabinete, com a qual eu compartilhei as minhas angústias e que me acompanhou nas minhas decisões. Quero agradecer a compreensão, o respeito do Conselho Político do meu mandato e gostaria de me desculpar com aqueles com os quais não pude discutir este processo, fomos premidos por um prazo legal. Quero registrar o quanto foi importante, neste momento de ruptura com a instituição partidária, a união e o amor da minha família, do Cézar, do Carlos e do Leonardo. Quero agradecer às Vereadoras e aos Vereadores, com os quais tenho discutido neste momento, que procuraram dar a sua solidariedade. Quero agradecer aos Vereadores, de vários Partidos desta Casa, que me procuraram neste processo de mudança e desejo expressar o meu respeito a todos os seus Partidos. Muito obrigada pela oferta de acolhida.

Nunca tive a menor dúvida de que, saindo do PMDB, eu entraria no PPS, se eles me acolhessem, e eles me acolheram. Eu, na verdade, me sinto, com isso, resgatada. E queria expressar isso por intermédio da citação de um artigo do Partido, citado, hoje, na coluna da jornalista Rosane de Oliveira, que diz: “O Partido se declara humanista e socialista, conceitos enriquecidos com a experiência libertária dos movimentos operários e populares, resgatando a melhor tradição do pensamento marxista. Por sua essência democrática e laica, o Partido exclui dogmatismos e sectarismos, e se concebe como um organismo aberto à renovação das idéias e dos métodos, em um marco de respeito à pluralidade das idéias e de concepções.”

Quero repetir o que tenho afirmado à imprensa quando me pergunta o que muda na Câmara de Vereadores com meu ato? O que muda no meu comportamento ou no meu mandato? Eu respondo, mais uma vez: nada! Porque sempre votei pelos interesses da Cidade. Queria muito poder ter sido mais sintética nas minhas explicações neste momento. Tentar explicar tudo que foi esse doloroso processo de mudança e a alegria das minhas novas esperanças. Vou então tentar reduzir o meu texto, Sr. Presidente, para dizer, concluindo, que, muitas vezes, quando analisava a minha relação com o PMDB, eu lembrava uns versos de um poeta nordestino, Péricles Leal, que dizia: “Os caminhos dos sonhos por nós trilhados estão tão tristes; tristes e desertos, que nem me conhecem, que eu nem os conheço.” Eu me dei conta, então, de que precisava, na verdade, era cantar os versos do Gonzaguinha, que dizia sempre, na sua música e na sua fé, que: “Eu quero continuar lutando e ter fé na vida; é preciso viver e ter fé na vida.” E é pensando nisso que nós lembramos também que Gonzaguinha dizia que: “Nós temos que ser eternos aprendizes”. E eu quero ser sempre uma aprendiz da esperança. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente, Sr.ªs e Srs. Vereadores, ocupo a tribuna num momento difícil em que atravessa uma colega nossa que toma outros rumos, escolhendo um outro Partido; não cabe avaliar a sua decisão, mas posso aquilatar o que lhe vai na alma, porque, sempre que fazemos essa opção, ela é muito dolorosa nos alicerces do nosso espírito.

Mas estava eu esperando chegar o Ver. Estilac Xavier, que faz entrada neste Plenário, para voltar a pautar o que ocorre neste Estado com o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra. Afinal de contas, o que é isso? O que querem esses homens, mulheres e crianças? Por que eles açambarcam crianças em completo desacordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, que o PT defende? O PT defende dois propósitos, duas menções praticamente irreconciliáveis, que é o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra e o Estatuto da Criança e do Adolescente. Eles não se alinham absolutamente nas suas práticas, porque usam, utilizam e exploram crianças. Exploram crianças em seu trabalho profissional de ocupação indevida de terras no Brasil. E quem são eles? Clandestinos! Não existem! Não têm personalidade jurídica.

Onde estão os bacharéis desta Câmara? Onde está o Ver. Nereu D’Avila? Onde estão os Vereadores Reginaldo Pujol, Luiz Braz, Sebastião Melo, Ver. Elói Guimarães, Ver. Beto Moesch e Juarez Pinheiro? Onde estão que não vêm a esta tribuna protestar com o que está ocorrendo no Rio Grande do Sul, essa farra tremenda que o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra realiza? Acabam de ocupar a COMHAB, querem cestos de alimentação e vão ter. Mas aonde nós vamos para com isso?

Eu chamei aqui o Governo Federal de pateta, porque apadrinha tudo isto, açambarca todas as pretensões do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra e fica tudo por isso mesmo.

Agora vejam: eles estão em jornada nacional; acampamentos em vinte e três Estados da Federação. Nós estamos assistindo aqui as repercussões da Jornada Nacional do Movimento dos Sem Terra. Interpretem isso com um movimento nacional de pretensão dessa gente. Mas quem são eles? Eu não sei quem são.

Onde está o Plano Nacional de Reforma Agrária? Onde está o Ministro Raul Jugmann? Onde está o Presidente do INCRA? O que fazem eles se deixam evoluir todas essas pretensões do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra? Mataram um cidadão em Jóia, ocuparam o terreno do Tribunal Regional Eleitoral, aqui, em Porto Alegre, ocupam edifícios públicos e fica tudo por isso mesmo. Não há lei para eles! Eles são fora da lei, não têm reconhecimento jurídico; e os bacharéis, os bacharéis da Câmara onde estão? Não dizem nada! O Ver. Elói Guimarães, Presidente há muitos anos da Comissão de Justiça, o que diz? Não diz nada! Por isso é que eles continuam fazendo suas diabruras. Eu vou ler aqui o Estatuto da Criança e do Adolescente, o artigo 5º, que diz: “Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de exploração.” E o que eles fazem? Eles colocam crianças, está aqui! Está nos dois jornais, eu já mostrei, mostro outra vez, focalize aqui, a televisão, por favor a televisão.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Vereador, o seu tempo esgotou, por favor.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Crianças, só crianças, estão em desacordo com o Estatuto. Lógico, tudo continua como se fosse, mas aonde é que vamos parar? Quem são eles, eu pergunto? O Ver. Estilac Xavier me pediu e me reservou um tempo para tentar explicar isso, mas ele não tem explicação.

Aqui estão crianças, levas de crianças postadas em cima das cestas básicas em dois jornais da Capital. Silêncio absoluto! As torres gêmeas, os vexames do Senado suplantaram nacionalmente tudo, não se fala no Movimento dos Sem Terra, eles agem à vontade no Brasil, fazem o que querem. São vândalos, uns vândalos completos, uns atrabiliários, não respeitam leis, não respeitam nada, chegam a dizer para a Justiça que não vão abandonar os locais com reintegração de posse feita.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Ver. Pedro Américo Leal, por gentileza, colabore com esta Presidência.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Pois não, Presidente, pois não.

V. Ex.ª, ontem, dirigiu com tanta perfeição aquela Sessão magnífica em que a OSPA foi homenageada pelo Ver. João Antonio Dib, que eu me rendo completamente ao vosso exímio desempenho. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Comunicamos a saída do Ver. Paulo Brum para representar a Câmara na Cidade Minas do Leão, no II Fórum Municipal de Portadores de Deficiência.

O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras. Traz-me aqui a esta tribuna a necessidade de expor o resultado e o sucesso do nosso Seminário sobre Reforma Urbana e Habitação, que realizou-se nos dias de ontem e anteontem. Apesar de esse ser o objetivo da nossa intervenção, queria, no seu início, fazer breves considerações sobre a manifestação do Ver. Pedro Américo Leal, de que não compartimos, e dizer que para o PC do B o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra é um movimento autônomo, apartidário, que cabe a ele, evidentemente, a responsabilidade de seus atos. Mas entendemos que é um movimento legítimo, um movimento que utiliza formas de ação social normais, de luta, de questionamento, de enfrentamento. E tem sido através dele, Ver. Pedro Américo Leal, que começa a ser paga a dívida que a Nação Brasileira tem com todos os deserdados do campo, os sem-terra, os explorados do campo, que há quinhentos anos esperam a reforma agrária neste País. Hoje, menos de 2% são donos de mais de 50% das terras deste País; enquanto isso, milhões de trabalhadores, mais de 50%, não têm sequer 2% das terras.

Já dizia um grande poeta comunista, Bertold Brecht: “Falam da violência dos rios, mas não se perguntam da violência das margens que oprimem os rios.”

Então, para compreender as manifestações - muitas vezes, no entender de V. Ex.ª, demasiado radicais - há que lembrar os quinhentos anos de opressão, os quinhentos anos de exploração e os quinhentos anos de marginalização dessas massas do campo.

E aí, há que dizer a V. Ex.ª, que V. Ex.ª respaldou – aceite ou não – que a nossa Constituição fosse rasgada; que o Presidente legítimo desta Nação fosse apeado do poder; que mais de dez mil pessoas fossem cassadas, dezenas de milhares presas, torturadas. Eu não digo que V. Ex.ª tenha feito isso diretamente, mas V. Ex.ª deu respaldo a tais atos. Essa é uma divergência que temos. Ressalvamos que hoje V. Ex.ª é um homem que, junto com os comunistas, junto com os socialistas, junto com os patriotas, luta contra a entrega deste País; luta pela defesa da nossa Nação, do nosso Estado, que está sendo destruído. Mas temos divergências na questão democrática. Muitas vezes, Ver. Isaac Ainhorn, temos que entender que o processo de luta social, não se dá nos marcos normais da legalidade e V. Ex.ª foi protagonista desses fatos.

Às vezes, há determinadas manifestações dos sem-terra, cuja causa, cuja essência é legítima, mas a forma adotada é de confrontar para, inclusive, deter espaço no mundo social. Mas são divergências que nós, outro dia, trabalharemos com mais profundidade, porque hoje o nosso fito é, ao menos ao final da nossa manifestação, dizer que realizamos um exitoso seminário nos dias de ontem e anteontem, nesta Casa, sobre a temática da Reforma Urbana e Habitação. O tempo não vai nos permitir aprofundar o assunto, porque está encerrando-se, mas voltaremos a ele, assim como voltaremos, Ver. Pedro Américo Leal, a discutir a questão da legalidade, da luta pelos direitos dos trabalhadores, da luta pela soberania nacional e da luta social neste País. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Estilac Xavier está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, no fim de semana, realizaremos, na Cidade de Porto Alegre, a eleição dos conselheiros tutelares. É uma importante instituição criada no Brasil, pela primeira vez, nesta Cidade. O nosso Partido, assim como esta Casa, deve estar vinculado ofensivamente à participação da Cidade para a escolha dos conselheiros. Hoje, o Prefeito vem a esta Casa entregar o Projeto de Lei do IPTU e a Lei do Orçamento. Há aqueles que, sem ter lido, já são contra, mas fazem inferências políticas, vão ter que discutir o Projeto tecnicamente. Eu vim a esta tribuna em Comunicação de Líder, que o tempo é exíguo, para falar de muitas coisas, e o IPTU é uma delas.

Há aqui dentro um político sagaz e inteligente, que é o meu amigo e companheiro Ver. Pedro Américo Leal. Ele tenta me puxar para um debate, já tinha-me avisado que viria a esta tribuna falar do Movimento Sem Terra, do caso de Jóia. É um homem preparado, expert no exercício militar. Ele me informou de um tipo de plano de ataque, mas procedeu outro. Eu disse: pare e pense para ver o que o Ver. Pedro Américo Leal está fazendo. Eu fui no mestre das artes, o mestre Sun Tzu para verificar que estratagema estava usando o Coronel Ver. Pedro Américo Leal. Ele fez uma ação dispersiva, que é uma das manobras que existem. Ele me preparou para um enfrentamento, mas fez outro. Eu vou tratar disso, Ver. Pedro Américo Leal, a partir das consultas que fiz na segunda-feira, porque para o tema que V. Ex.ª me puxou, eu, com a cautela de quem sabe que vai enfrentar um terreno difícil, estou-me preparando. Na segunda-feira, vou-lhe honrar com as respostas. O cerco que V. Ex.ª tentou fazer no assunto, ao meu Partido e ao Movimento Sem Terra, terá resposta, porque V. Ex.ª não fez o desfecho do ataque que estava preparado. Como eu não entrei no terreno, V. Ex.ª não pôde desfechar o golpe que queria nessa disputa que trava aqui dentro.

A disputa que estou colocando aqui hoje é aquela que o Prefeito vai vir fazer aqui, que é a disputa do IPTU progressivo, que é a disputa das áreas das reservas ambientais, que é a disputa do patrimônio público, arquitetônico e histórico, e que tem a ver com o que V. Ex.ª falou. Se existem pessoas no campo, se pais se acompanham de filhos, é porque não tem como ser diferente, porque são pessoas que não têm lares constituídos, são pessoas que têm de levar a vida à espera de uma reforma agrária que nunca veio. V. Ex.ª fez crítica ao Governo Federal e chamou a atenção para isso, clamou pela intervenção da reforma agrária, classificou-os e adjetivou-os. Se esse Governo tivesse cumprido a sua tarefa fundamental de integrar a sua cidadania ao processo de desenvolvimento, ao emprego, à renda, essas famílias não estariam ali, de forma triste, ao lado do INCRA ou acampadas em dezessete locais da Cidade. Não se pode tachar o Movimento Sem Terra por um fato isolado em Jóia. V. Ex.ª faz o seguinte questionamento: quem são eles? Onde está o comando? Aí, tenta trazer para o debate a idéia de que há um núcleo conspirador, que, inclusive, está em apartamento, que foi a citação que V. Ex.ª fez. Isto não é verdade, Pedro Américo Leal! O agente principal e responsável por isso é uma política de exclusão. Ela está nos palácios confortáveis de Brasília, insensível ao clamor do povo, que entrega a nossa Amazônia, que quer privatizar a água, que quer privatizar a vida, colocando pessoas nas ruas. Quando V. Ex.ª convoca o nosso Partido para defender, o fazemos com muita tranqüilidade, porque na questão da terra – que é a terra que nos dá o alimento -, esses homens estão em busca dela para sustentar seus filhos.

Eu voltarei a esta tribuna, Ver. Pedro Américo Leal, para denunciar o estratagema e o cerco que a sua sabedoria e inteligência militar tentaram fazer ao meu Partido e ao Movimentos dos Sem Terra.

Mas eu vou aos sábios, vou aos doutos, como V. Ex.ª também é, para que eu possa me defender desse ataque e defender a legitimidade do Movimento dos Sem Terra, porque eu vou provar a V. Ex.ª que a política, aqui nesta Casa, não é uma continuidade da guerra como queria e como sempre pregou Clausewitz no seu livro portentoso “A Arte da Guerra”. Eu voltarei a esta tribuna para falar sobre isso, porque hoje o Prefeito vem aqui trazer a notícia de um novo plano de tributação para a Cidade, para melhoria e qualidade de vida dos porto-alegrenses. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Helena Bonumá): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr.ª Presidenta, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, Ver. Pedro Américo Leal, V. Ex.ª lançou um repto aos advogados aqui desta Casa. E eu acredito, Ver. Pedro Américo Leal, que o repto deveria ser lançado ao Ministério Publico. E mais: nós deveríamos criar algumas desconfianças, assim como já foi feito em outras áreas, sobre algumas decisões do Judiciário que, às vezes, nos surpreendem, porque elas são tão petistas que começamos a pensar que lá no Judiciário existem pessoas também com estrelinha no peito.

Eu vi nos jornais, Ver. Pedro Américo Leal, fartos noticiários a respeito dos sem-terra, que colocam agricultores para fora de suas casas, porque não pertencem ao Movimento, que matam agricultores na frente de crianças, do filho, da mulher, e nada é feito. Nada é feito! E eu vi o Líder da bancada petista vir aqui a esta tribuna e justificar esse ato, dizendo que eu não tinha certeza. Mas eu não o vi voltar aqui para dizer que os noticiários confirmaram a fala deste Vereador, desta tribuna.

Eu vi, Ver. Pedro Américo Leal - eu vi -, pessoas que protestavam contra umas obras do Governo do Estado serem espancadas pela Brigada Militar. Ontem, na televisão, apareceram estas cenas. As pessoas que estavam obstruindo uma certa rodovia, porque estavam contra uma obra do Governo do Estado, foram espancadas pela Brigada Militar, recebendo um tratamento completamente diferenciado dos sem-terra, que ocupam os prédios públicos, que ocupam as diversas ruas da Cidade, que vão onde bem entendem, desde que façam protesto contra o Governo Federal.

Mas quero ir mais longe, Ver. Pedro Américo Leal, e quero que V. Ex.ª me acompanhe. Olhe o que acontece dentro desta Casa. Segunda-feira, ou quarta-feira, deveríamos ter votado nesta Casa um Projeto que passava o voluntariado para o controle da Prefeitura Municipal e conseguimos, numa manobra, pedir o adiamento da discussão daquele Projeto. Aí, fiquei sabendo de mais dados e quero passá-los para os Vereadores desta Casa. Estas instituições de assistência social sobrevivem com 1% que pedem às empresas, e estas empresas podem, de acordo com legislação federal, doar para essas instituições de assistência social 1% daquilo que é declarado no Imposto de Renda. É uma lei federal que dá essa possibilidade, e essas entidades de assistência social sobrevivem com este 1%. Só que essas empresas, para comprovar que fizeram essa doação, depositam num fundo, chamado FUNCRIANÇA, para que o FUNCRIANÇA possa passar esse dinheiro às entidades de assistência social. O que é que acontece hoje? A Prefeitura Municipal fica com 10% de todas essas doações, que são para amparar o trabalho de assistência social. A Prefeitura, em vez de ir aos empresários, fazer parcerias com os empresários para ter os seus próprios recursos, ela vai à entidades, como a Kinder, que foi homenageada aqui por nós com o Troféu Solidariedade, vai a outras entidades que prestam o serviço de assistência social, que tratam dos carentes e pegam uma parcela, a Prefeitura pega uma parcela de 10% de tudo o que é destinado para esses carentes.

Eu estou fazendo um Pedido de Informações solicitando o seguinte: baseada em qual legislação a Prefeitura está-se adonando desses 10% que pertencem a entidades de assistência social? Essas entidades passam por grandes sacrifícios, essas entidades passam por grandes necessidades. E a Prefeitura, simplesmente, pega 10%, se adona desses 10% e esta Casa aqui, como está num fundo, tem dificuldade de fiscalizar os fundos, nós nem sabemos o que a Prefeitura faz com esses 10%. Talvez esteja fazendo propaganda da Administração Popular por aí. Talvez esteja fazendo isso, porque é isso que sabe fazer. Sabem fazer propaganda e mais propaganda da Administração Popular, que não existe. E rouba aquelas pessoas que são carentes e vêm aqui nesta Casa ainda, com a cara-de-pau, com a desfaçatez de querer se adonar ainda mais do voluntariado.

Foi votado nesta Casa o adiamento por cinco Sessões daquele Projeto do voluntariado. Creio que vamos precisar de um tempo maior, Ver. João Antonio Dib, para vermos exatamente o que a Prefeitura Municipal está realmente querendo com essa sua intenção de se adonar ainda mais do voluntariado. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Helena Bonumá): Registramos que a Ver.ª Maristela Maffei está representando esta Casa na assinatura do Termo de Cooperação com o povo Kaingangue, que se realiza hoje, às 11h, nesta Capital.

O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr.ª Presidenta, Sr.ªs e Srs. Vereadores, eu vou falar aqui de dois assuntos: a questão da chegada dos projetos do IPTU progressivo - e neste momento adentra este Plenário o Sr. Prefeito Tarso Genro, juntamente com o Secretário Municipal das Finanças - e também vou falar sobre a questão...

 

A SRA. PRESIDENTA (Helena Bonumá): Ver. Sebastião Melo, eu pediria a V. Ex.ª a sua gentileza para que pudéssemos fazer o Comparecimento. Nós já aguardamos o Prefeito há alguns minutos.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Perfeitamente.

 

A SRA. PRESIDENTA (Helena Bonumá): Eu pediria a gentileza para que pudéssemos fazer aqui o nosso período de Comparecimento. Reservado o tempo de V. Ex.ª.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Correto. Volto, então?

 

A SRA. PRESIDENTA (Helena Bonumá): Sim. Peço que assuma a Presidência dos trabalhos o Ver. Carlos Alberto Garcia e peço ao Ver. Sebastião Melo a gentileza de que possamos fazer, efetivamente, agora, o período de Comparecimento, invertendo o tempo de V. Ex.ª para após a visita do Sr. Prefeito.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr.ª Presidenta, eu vou aceitar a decisão da Mesa, mas penso que isso é anti-regimental.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Sr.ªs e Srs. Vereadores, é com grande satisfação que esta Casa recebe a visita do Sr. Prefeito Tarso Genro; do Sr. José Utzig, Secretário da Fazenda e Sr. André Passos, Coordenador do GAPLAN. Hoje a visita do Prefeito é relativa à entrega dos Projetos Orçamentários referentes ao exercício de 2002.

Prefeito Tarso Genro, receba as honras desta Casa e colocamos a palavra à sua disposição.

 

O SR. TARSO GENRO: Ex.mo Sr. Presidente, Ex.mos Srs. Vereadores, Conselheiros e Conselheiras do Orçamento Participativo que prestigiam este ato, meus colegas de Governo que me acompanham nesta Mesa, companheira Ver.ª Helena Bonumá e Srs. Secretários do Município que prestigiam também este momento. Em primeiro lugar, Sr. Presidente, eu agradeço pela honra regimental de ter este espaço aberto para fazer a entrega da peça orçamentária a V. Ex.ª e também o Projeto de Governo relacionado com a reforma sistemática do IPTU. Estamos trazendo a V. Ex.ª o Orçamento Municipal, que atinge aproximadamente 1 bilhão e 500 milhões de reais. Trata-se - como V. Ex.ª sabe e como também sabem os pares de V. Ex.ª, nesta Casa -, de um Município que ao mesmo tempo que financeiramente está saneado, necessita, ainda, e cada vez mais, de muitos investimentos. O saneamento financeiro de Porto Alegre não foi obtido sem a colaboração da Câmara de Vereadores, muito pelo contrário, não foi obtido sem uma grande participação da população, por intermédio do Orçamento Participativo, tem nesta Casa o poder legal e constitucional para as decisões de fundo. Esse saneamento carrega consigo uma permanente contradição; a contradição de uma Cidade que se expande, que necessita cada vez mais de investimentos em serviços e mais investimentos em obras.

Quando se aumenta a rede de esgotos na Cidade, imediatamente, no próximo ano, precisamos de mais recursos para essa manutenção. Quando se amplia o sistema viário, isso se reflete nos serviços. Quando a Cidade cresce e se expande territorialmente em função dos investimentos públicos e privados, maior o território a receber serviços de coleta de lixo.

De outra parte, um processo sócio-econômico que submete o nosso País tem, sem a menor sombra de dúvida, não só agravadas as funções dos Municípios, aumentado o seu protagonismo, exigida uma maior intervenção municipal, como também aumentado os problemas sociais em todas as cidades, em todas as regiões onde governam todos os partidos.

A peça orçamentária, aqui apresentada ao poder soberano da Câmara de Vereadores, é uma peça que tenta resistir e construir. Resistir a essa dissolução da coesão social que nos submete e, de outra parte, continuar construindo a Cidade, o que não é feito exclusivamente pelo Executivo, mas pelos seus Poderes harmoniosamente articulados.

Apresentamos, também, a V. Ex.ª e aos seus pares, o Projeto de Reforma do Poder Executivo em relação ao IPTU, que, na nossa opinião - opinião tecnicamente fundamentada - visa a aumentar não só a justiça fiscal, mas também a eficiência na cobrança do tributo. Os objetivos específicos da proposta incluem: aumento da eqüidade na cobrança do IPTU; preservação do patrimônio histórico-cultural e natural do Município, a fim de garantir o equilíbrio urbano e a melhoria da qualidade de vida; estímulo à manutenção da atividade agropecuária no Município – é um dado novo, inovador e revolucionário dessa proposta; a distribuição da carga tributária do IPTU de forma a refletir a real capacidade contributiva de cada cidadão e cidadã de Porto Alegre; e a participação mais efetiva dessa receita própria na massa tributária geral do Município.

Para encerrar, Sr. Presidente, quero dizer que, pela segunda vez como Prefeito de Porto Alegre, posso testemunhar publicamente a qualidade técnica e a sobriedade com que esta Casa, que tem homens experientes, Prefeitos, inclusive, ou que já exerceram mandatos na Prefeitura, sempre tratou com muita seriedade e com muita responsabilidade essa questão. Não é impróprio lembrar que tanto o primeiro quanto o segundo Governo, dos cinco dos Governos Populares, da Frente Popular em Porto Alegre, nós tivemos, no mínimo, duas reformas estruturais do IPTU, trabalhadas com sobriedade técnica, com responsabilidade e sem paixões ideológicas que, por vezes, obscurecem o raciocínio claro em defesa da cidadania. Por isso, quando entrego a V. Ex.ª a peça orçamentária e essa proposta de restruturação desse importante tributo municipal, faço-o com a tranqüilidade, com a consciência de quem apresenta a V. Ex.ª uma proposta que representa os anseios da população de Porto Alegre, que discutiu profundamente as suas necessidades por meio do Conselho do Orçamento Participativo, órgão através do qual nós formamos a nossa opinião e estruturamos a proposta que é levada à soberania de V. Ex.ªs. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Prezado Prefeito, sabemos que essa temática é uma das grandes temáticas em discussão aqui nesta Casa e que sempre cria inúmeras polêmicas. Mas tenha a certeza e a plena convicção de que a totalidade desta Casa sempre buscou e buscará uma melhor qualidade de vida para o povo porto-alegrense, e é em cima disso que agora, nos próximos dias, os trinta e três Vereadores vão debruçar os seus olhares neste Projeto, procurando, cada vez mais, uma construção solidária, que visa exclusivamente ao bem-estar da população de Porto Alegre.

Então, é com grande satisfação que esta Casa acolhe o recebimento da peça orçamentária para o exercício de 2002.

A palavra está à disposição das diversas Bancadas. O Ver. João Antonio Dib está com a palavra, pelo PPB.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Ex.mo Sr. Prefeito Tarso Genro, meu Caro Presidente Ver. Carlos Alberto Garcia, Srs. Secretários, Srs. Vereadores, este momento que vive o Legislativo Municipal, é sem dúvida nenhuma, o ponto culminante da Sessão Legislativa, quando o Prefeito, honrando o Parlamento, vem trazer o Orçamento da Cidade.

O Orçamento da Cidade é a sua saúde e a sua vida. O Prefeito falou do saneamento financeiro, e isso me transporta ao início da década de 60, quando um gigante, José Loureiro da Silva, assumia essa Prefeitura e ela estava, economicamente, desestruturada. Colocou a Casa em ordem, e os prefeitos que se sucederam conseguiram manter as finanças regularmente em dia, e Porto Alegre é reconhecida como uma Capital com capacidade de endividamento, e isso é uma coisa boa.

Sr. Prefeito, tenha a certeza de que todos nós, Vereadores, nos debruçaremos sobre o Orçamento, tentando dar à Cidade aquilo que ela precisa, para que V. Ex.ª possa administrá-la com proficiência, em benefício de todos os cidadãos, porque o Prefeito realmente deseja realizar o bem comum e isso é o que desejamos que V. Ex.ª consiga. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Queremos registrar a presença do Vice-Prefeito da nossa Cidade João Verle.

O Ver. Estilac Xavier está com a palavra em nome do Partido dos Trabalhadores.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente, Carlos Alberto Garcia; Prefeito e amigo Tarso Genro; Srs. Secretários; companheiros e amigos André Passos e José Eduardo Utzig; nosso amigo e companheiro, Vice-Prefeito João Verle; Ver.ª Helena Bonumá. É uma grata satisfação, Prefeito, recebê-lo, assim como ao Vice-Prefeito, equipe de governo aqui representada pelos Secretários, funcionários que laboraram na execução desses dois Projetos, e realçar e registrar que, ao longo do período em que estamos aqui nesta Casa, a forma tranqüila e democrática com que todas as Bancadas têm-se havido com os projetos e as questões que são levantadas pelo Executivo no interesse público, é o que pauta e orienta as decisões deste Legislativo.

Quando V. Ex.ª, Sr. Prefeito, destaca a busca da eqüidade e a justiça social nos Projetos aqui apresentados, pode ter certeza de que, antes de tratarmos oficialmente sobre essa questão, já comentávamos com vários Vereadores, praticamente à unanimidade, que o Projeto, que em parte conheço, é um Projeto inovador, que resgata a questão dos patrimônios históricos, tem preocupação com as áreas de reserva ambiental e, notadamente, faz uma política tributária também para a produção agropecuária da nossa Cidade. Estou convencido, Sr. Prefeito, de que esse é um debate que vai empolgar a nossa Casa na busca de uma solução que se aproxima dos dois objetivos traçados em nome do Governo, pela sua fala: a equidade e a justiça social. Está de parabéns a Cidade de Porto Alegre, que tem um espaço para poder aperfeiçoar seus mecanismos tributários trazidos aqui pelo Executivo para a apreciação soberana da Câmara Municipal. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Como a segunda maior Bancada desta Casa, escusado eu não seria por não me manifestar, em função daquilo que é uma das questões principais ao longo da história que é a entrega da peça orçamentária.

Em 1834, antes da Revolução Farroupilha, a Assembléia Provincial de Bento Gonçalves da Silva só se reunia para receber o Orçamento. Então é função precípua dos Legislativos a questão orçamentária. Dentro do prazo legal, V. Ex.ª nos traz. E traz-nos, com algumas alterações, também na planta de valores de uma Cidade, já no contexto da Nação Brasileira, exaurida em pagamentos de impostos, praticamente 30% do seu PIB. Mas também é um Parlamento onde a pluralidade de pensamentos e de convicções, exatamente no exercício do contraditório fortalece a democracia. Nesse sentido, saudamos a presença de V. Ex.ª que nos traz essas questões que, como sempre dentro das atribuições constitucionais, e dentro da Lei Orgânica, esta Casa irá examinar com acuidade e responsavelmente, como sempre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Luiz Braz está com a palavra pelo PFL.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr. Prefeito, por ter pensamento parlamentarista, eu gostaria de ver mais vezes o Sr. Prefeito Municipal aqui nesta Casa, dialogando com os Srs. Vereadores para que nós pudéssemos, de alguma forma, afinarmos os nossos pensamentos com relação aos problemas que enfrentamos nesta Cidade.

Acredito que, quando V. Ex.ª traz a esta Casa a peça orçamentária, que é realmente o Projeto mais importante que nós analisamos aqui todos os anos, nós devemos analisá-lo com muita responsabilidade, como V. Ex.ª disse quando da entrega do Projeto do Orçamento.

Já que V. Ex.ª completou o seu trabalho de diálogo junto ao segmento do Orçamento Participativo, que assessora o trabalho de V. Ex.ª e da Prefeitura Municipal, com relação à feitura da peça orçamentária, agora chegou a vez dos Vereadores consultarem os seus segmentos para que nós possamos chegar à conclusão se aquilo que foi colocado na peça orçamentária - e V. Ex.ª traz aquilo que a Constituição aponta, indica o caminho, que é o problema da progressividade do IPTU -, se os nossos segmentos, aqueles que nos orientam, se realmente estão de acordo com essas tendências indicadas por V. Ex.ª no Projeto do Orçamento, se nós vamos realmente votar tal qual está ou se realmente vamos apresentar as emendas. Esse é o diálogo da democracia, que deve existir em todos os parlamentos, em todos os Municípios. Cumprimento V. Ex.ª por estar aqui entregando o Projeto Orçamentário, e o conclamo a que venha mais outras vezes discutir com a nossa Câmara Municipal. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Queremos registrar a presença do Ver. José Valdir, Coordenador de Relações com a Comunidade, bem como a presença de inúmeros Conselheiros do Orçamento Participativo.

O Ver. Sebastião Melo está com a palavra; falará em nome do seu Partido, o PMDB.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Ver. Carlos Alberto Garcia; Sr. Prefeito Tarso Genro, Srs. Secretários, Sr. Vice-Prefeito. Primeiro, a nossa saudação muito afetiva, de forma coletiva, ao Governo Municipal; segundo, dizer que, para nós, a peça Orçamentária é a tradução da vontade política, ou seja, se materializa no Orçamento aquilo que é a vontade política de uma administração. No caso de Porto Alegre, é uma peça que não vem meramente dos membros do Governo, mas que vem discutida com a sociedade e esta Casa tem o dever de qualificá-la e é o que nós pretendemos fazer.

Eu quero aproveitar esta oportunidade, Sr. Prefeito, para dizer que, nesta linha do Orçamento, nós temos dois projetos, entre vários que tramitam nesta Casa, que nós achamos que ajudam a qualificar este debate.

Nos primeiros dias de mandato, propusemos, aqui, um projeto de uma senha para cada Vereador ter acesso, entre algumas coisas, ao acompanhamento da execução orçamentária. Nós achamos que uma cidade que a cada dia se qualifica no sentido da transparência e da participação popular, esta Casa precisa, através dos seus Vereadores, ter o livre e fácil acesso no manuseio das verbas públicas.

Também tramita nesta Casa, Sr. Prefeito, um Projeto de Lei que visa, justamente neste momento da entrega do Orçamento, que se estabeleça um diálogo para que o Sr. Prefeito relate o estado da Cidade e os principais projetos. E fizemos isso não com o intuito de invadir competência, nós achamos que isso qualifica a relação da Câmara com o Executivo, como V. Ex.ª tantas vezes tem vindo aqui e tem dito isso. Portanto, nós queremos sublinhar que, também, do ponto de vista do imposto progressivo que chega na Casa - e acho que V. Ex.ª tocou bem sobre a questão da zona rural - só quero lembrar que nós temos um Plano Diretor que estabeleceu diretrizes nessa matéria, desde o ano 2000 e que bom que veio agora, porque achamos que esta é uma matéria com muita profundidade e que precisa, evidentemente, ter uma lógica diferenciada, porque toda cidade que se presta tem que ter a sua área de produção e a sua área ecológica. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Obrigado, Ver. Sebastião Melo. O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra e falará em nome do seu Partido, o PTB.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente, Prefeito Tarso Genro e demais componentes da Mesa, a nossa satisfação de recebê-lo, aqui, e dizer que, realmente, esta peça orçamentária se dará nesta Casa com a maior tranqüilidade, mas com fortes debates, porque nós temos algumas restrições. Entendemos sobre as grandes áreas, e concordamos plenamente, mas outros aspectos nós teremos que debater profundamente nesta Casa. V. Ex.ª é sabedor de que aqui a nossa Bancada, quando se posiciona, se posiciona coerentemente e tem dado algum subsídio até para outros projetos que já tramitaram ou tramitam nesta Casa.

Portanto, queira V. Ex.ª saber que será um debate muito importante para que nós possamos dar a nossa contribuição ao povo de Porto Alegre, que tem ainda muitos problemas.

Sem dúvida, a passagem dessa peça orçamentária pela Casa vai dar a todos os Vereadores a oportunidade de se manifestar e contribuir para que possa a Cidade de Porto Alegre crescer ainda mais. Obrigado pela presença nesta Casa.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Raul Carrion está com a palavra em nome do seu Partido, o PC do B.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Em primeiro lugar, a nossa saudação ao companheiro Prefeito Tarso Genro e ao Vice-Prefeito João Verle, ao Secretário José Eduardo Utzig e ao Secretário André Passos, além do Coordenador do Orçamento Participativo, José Valdir, e aos Conselheiros do Orçamento aqui presentes. Não é demais lembrar que o surgimento dos parlamentos modernos, já no século XVII, se deu exatamente em cima da luta em torno do orçamento, onde a nascente burguesia impôs ao rei e à nobreza a obrigatoriedade do orçamento ser aprovado pelo parlamento. Cremos que essa peça orçamentária que hoje está sendo entregue, também tem uma qualidade especial, porque é uma peça amplamente discutida com a sociedade, amplamente debatida com as comunidades, que já traz em si reivindicações e demandas amadurecidas.

Por fim, queríamos manifestarmo-nos quanto à questão da progressividade do IPTU, que tem gerado algumas polêmicas, e adiantar que a visão da Bancada do PC do B é favorável; porque entendemos que a progressividade dos impostos é uma conquista da cidadania, porque concretiza o lema de "quem tem mais paga mais, quem tem menos paga menos". Trata-se de examinar no concreto a proposta do Governo e - chamamos a atenção - está previsto no art. 156, parágrafo 1º, inciso I da Constituição Federal, onde se coloca que o IPTU deverá ser progressivo em razão do valor do imóvel, sem prejuízo do que já é previsto no art. 182 da CF, que trata da a progressividade no tempo para os imóveis que não cumprem com a sua função social. Parece-me, que esta é uma modificação recente da Constituição, que o Projeto vem contemplar, aperfeiçoar essa questão e, certamente, esta Câmara votará favoravelmente. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Valdir Caetano está com a palavra em nome do PL.

 

O SR. VALDIR CAETANO: Sr. Presidente, Sr. Prefeito Tarso Genro, Sr. Vice-Prefeito João Verle, Secretários, Srs. Vereadores. Em primeiro lugar, quero parabenizar o nosso Prefeito pelo seu trabalho frente à Prefeitura de Porto Alegre e dizer da nossa alegria, nosso contentamento de recebê-lo nesta Casa e reiterar o convite já formulado pelo Ver. Luiz Braz para que V. Ex.ª compareça mais vezes a esta Casa para discutirmos juntos os anseios do nosso povo. E, recebendo de suas mãos, no dia de hoje, o Projeto Orçamentário que nós teremos de votar colocando à sua disposição o nosso trabalho para ver e rever, fazendo o melhor para a nossa população. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Prefeito Tarso Genro está com a palavra.

 

O SR. TARSO GENRO: Ex.mo Sr. Presidente e Srs. Vereadores, agradeço a manifestação das representações partidárias no Plenário e registro a V. Ex.ªs que todo o corpo político e técnico do Executivo está totalmente à disposição desta Casa para debates, esclarecimentos, discussões e acréscimos de dados. Eu não poderia deixar de registrar, aqui, um sincero e profundo agradecimento que faço ao corpo técnico da Prefeitura, particularmente o corpo técnico da Secretaria da Fazenda e do Gabinete do Planejamento, que coordena também grande parte do trabalho da peça orçamentária. Esse agradecimento é uma forma de manifestação de apreço ao corpo funcional e também uma declaração de que esse corpo técnico da Prefeitura de Porto Alegre orgulha qualquer governo, em qualquer cidade. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Obrigado, Sr. Prefeito. Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 12h06min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia – às 12h10min): Estão reabertos os trabalhos. Srs. Vereadores, queremos comunicar que, na próxima semana, o Secretário da Fazenda comparecerá a esta Casa para fazer esclarecimento e detalhar o Projeto do Orçamento de 2002 para que os Vereadores possam estudar o Orçamento.

O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para uma Comunicação de Líder, e esta Presidência quer, mais uma vez, agradecer a gentileza de V. Ex.ª, que estava ocupando a tribuna, quando foi interrompido para que o Prefeito pudesse fazer a entrega da peça orçamentária.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, em primeiro lugar, quero fazer um apelo à Mesa, Sr. Presidente, para que fatos como esse não venham a ocorrer, não com este Vereador, mas com qualquer Vereador. Não é correto que o Vereador esteja na tribuna, e chegando a maior autoridade do Município, que é o Prefeito, ele seja arrancado da tribuna. Então, nós temos que resolver essa questão! Eu penso que não fica bem para a Casa. Então, queria fazer um apelo a V. Ex.ª para que isso não aconteça, não só em relação a este Vereador.

Segundo, o tema pautado, antes da chegada do Prefeito, e continua, é a questão do IPTU Progressivo e da Lei do Orçamento. Eu vou começar pelo IPTU Progressivo, Ver. João Antonio Dib.

A Constituição de 1988, elaborada no debate com a sociedade brasileira, trouxe para os Municípios uma série de tributos que até então não eram dos Municípios. Eu posso dar exemplo: a questão do ICMs era 15%, passou para 25%; o ITBI era recurso do Estado, Imposto de Transmissão Intervivos, passou para o Município; o Imposto Sobre Propriedade de Veículos era também da União e veio para o Município de forma partilhada. Esta Casa, em 1989, na primeira gestão da Frente Popular, aprovou, também, uma reforma tributária municipal, Ver. Luiz Braz, casando com a reforma tributária nacional e fazendo com que a Prefeitura de Porto Alegre recebesse um aporte financeiro extremamente importante, e é sob este ângulo, sobre este aspecto que esta Casa tem que se debruçar, Ver. Elói Guimarães, nesta questão do IPTU progressivo.

A classe média brasileira é aquela que vem sendo penalizada diariamente com pesados impostos, até porque, banqueiro, neste País, não paga imposto, os grandes empresários pagam pouco impostos, a grande fortuna, neste País, não é taxada, mas aquele que desconta na fonte, Ver. Aldacir Oliboni, seja público ou privado, é retido dele um imposto de renda altíssimo e outros encargos já pesadamente. Hoje, o IPTU representa para o Orçamento da receita direta em torno de 12, 13%, Ver. Luiz Braz. Na verdade, quando vem da Frente Popular não é aumento de imposto, é reestruturação da planta, como é para efeito de Estado a mudança da matriz tributária. Mas evidente que é aumento de imposto e disso nós não podemos fugir. Disso nós não podemos fugir. Então, nós temos de analisar. A primeira pergunta que o Sr. Secretário da Fazenda, com certeza, no debate vai-nos responder é para quanto vão passar os doze e meio do bolo da arrecadação o IPTU? Em segundo lugar, como é esse IPTU progressivo, como é que a classe média entra nele? Essa é uma outra questão que eu não posso adentrar, porque eu não conheço o Projeto de Lei, aliás, não conhecemos. Mas eu queria dizer que para a Prefeitura, Ver. João Antonio Dib, ela, sabiamente, elegeu o primeiro semestre para a questão da Lei da Previdência e esgotou esse debate. Agora, o Governo vai tentar fechar o cerco nessa reta final para casar a aprovação do aumento de impostos até o final deste ano de Legislatura.

Esta é uma matéria que não pode ser votada de afogadilho. Ela precisa sofrer uma discussão, não só nas Comissões, mas também com os diversos organismos da sociedade civil organizada, passa pelo Conselho do Orçamento, que com certeza ajudou a elaborar, mas que ele não pode, sozinho, navegar nessa questão, existem outros organismos que têm que vir para esse debate nesta Casa.

E, por derradeiro, eu quero dizer, Ver. João Antonio Dib, que temos que voltar a discutir a questão da dotação orçamentária, rubrica por rubrica, porque agora chegou o Orçamento e eu não acho correto vender gato por lebre, dizer que vai fazer uma coisa e faz outra.

O Prefeito que diz que vai executar determinadas obras, ele bota o dinheiro naquela sobras e tem que aplicar naquelas obras. Este Vereador não vai dar cheque em branco para que a Prefeitura de Porto Alegre diga que vai fazer casa popular e depois invista em propaganda. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver. Pedro Américo Leal, invariavelmente, tem trazido à tribuna questões relevantes e, hoje, novamente, coloca a questão ligada ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST. E eu tive a oportunidade de - na fala anterior sobre a matéria - chamar a atenção para um dado que, me parece, deve ser examinado, que foi a utilização de crianças – vejam, falo de crianças – que, em atitudes ideológicas, levantavam o braço esquerdo e o punho cerrado. Eu posso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ter esse gesto, como todos nós podemos ter gestos, os mais diferentes, podemo-nos manifestar, mas crianças, não; e até aliei à questão do nazi-fascismo, de Hittler, onde meninos estendiam o braço e bradavam: “Hei! Hittler!” Porque criança, como tal, ela ainda não atingiu o nível intelectual de soberania para escolher esse ou aquele rumo. Isso se chama democracia, ou seja, a liberdade que a democracia permite que as pessoas tenham, nesse ou naquele terreno, seja filosófico, ideológico, religioso. Então, quando eu vi aquele gesto daquelas crianças, na frente do Banco Central, eu disse: “A coisa está avançando perigosamente.” Não se trata de um gesto do comunismo internacional; não, absolutamente, ou do nazismo, mas pode estar entronizada ali, naquele ato, uma manifestação fascista, uma manifestação nazista, podendo até serem utilizados outros símbolos, outros gestos. Essa é a questão nuclear.

Então, isso que o Ver. Pedro Américo Leal chama atenção é à sociedade, sim, ela tem de debater, porque a liberdade e a democracia pressupõem determinados limites, sob pena de estarmos agredindo direitos outros que constituem a democracia. Esse modelo é condenável? Vamos mudar o modelo. O que nós não podemos é subverter a democracia. E o que está acontecendo com o MST é uma subversão da democracia. É preciso ter coragem para dizer. Por que subversão da democracia? Porque isso se transformou, Ver. Pedro Américo Leal, numa espécie de massa de manobra. Ou seja, são agrupamentos que estão sendo levados a cumprir outras tarefas que não aquela pelas quais existem, ou devem existir. O MST não pode, por exemplo, estar aí, sendo massa de manobra, para se solidarizar com este ou aquele e influir em determinados movimentos. Não se trata de uma greve geral, que ele deveria participar, ou de um ato nacional ou regional, mas ele está se imiscuindo nos mais diferentes movimentos. Bem, então, aí, nós constatamos que, efetivamente, ele perdeu as suas finalidades e se transformou num braço na busca ativista para outras finalidades. E essa luta por uma reforma agrária, feita de forma correta, perde o sentido, porque se trata de um movimento que não quer reforma agrária, quer revolução agrária. Então, é preciso que se definam essas coisas. E, por isso, na democracia, mesmo que a democracia esteja a dever à questão econômica, à verdadeira democracia, temos um espaço de liberdade que temos que preservar, sob pena de sucumbirmos. E não podemos perder a oportunidade para, através da democracia, fazer tantas e tantas transformações quantas a sociedade está a exigir. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero registrar para a opinião pública, uma vez mais, que, na quarta-feira, a nossa agenda da Sessão trouxe o repasse de vinte e seis milhões do Ministério da Saúde para a Prefeitura de Porto Alegre. Hoje, temos registrado mais um repasse de um milhão e oitenta e nove mil reais, também do Ministério da Saúde. Ou seja, basicamente, as atividades da saúde no Município de Porto Alegre são financiadas através do Governo Federal. Vou repetir que não é favor, mas é bom que se reconheça.

Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero usar o tempo de Comunicação de Líder do PSDB - se possível tendo a atenção do Ver. Estilac Xavier, como Líder da Bancada, já que a Ver.ª Sofia Cavedon não está presente - para trazer, de público, uma questão que já abordei aqui, mas que está tendo desdobramentos no pior sentido possível. Todos da Casa vão lembrar - os senhores e senhoras que nos acompanham, eventualmente, pela televisão também, e o Ver. Estilac Xavier, que conversou conosco na ocasião, também - as denúncias que trouxe sobre o Abrigo Ingá Brita. Constituímos uma Comissão Externa, inclusive com o apoio do Partido dos Trabalhadores, fizemos a visita ao Ingá Brita, e, na ocasião, confirmamos as denúncias levantadas, sobretudo a questão da prisão de jovens adolescentes que são trancados dentro dos quartos, ainda que sob alguns argumentos que nos foram apresentados pela Diretora, e pedimos, na ocasião, uma série de documentos. Formalizamos esse pedido de documentos em ofício da Comissão, e, passados mais de trinta dias, já com pedido de ampliação do prazo da Comissão, a Sr.ª Eunice Zimmerman ainda não se dignou a entregar os documentos a esta Comissão. Conversei com a Ver.ª Sofia Cavedon, já na semana passada, voltei a insistir com ela, hoje, e retomei o assunto, para que esses documentos nos cheguem, no máximo, até segunda-feira, porque temos um prazo para encerrar esse trabalho.

Por outro lado, Ver. Estilac Xavier e Srs. Vereadores, na quarta-feira à tarde um adolescente, abrigado no Ingá Brita, fez denúncia pública na rádio Gaúcha, dizendo que sofreu maus-tratos no interior do Ingá Brita, confirmando, portanto, as questões que aqui haviam sido levantadas. Fundamentalmente, dizia ele, de público: “Porque não há funcionários suficientes no Ingá Brita, sobretudo nos períodos de plantão.” Fica uma funcionária, porque há um segundo funcionário que está sempre em licença-saúde, e os demais funcionários nunca foram repostos no Ingá Brita. Então houve uma briga, o adolescente foi agredido, porque, evidentemente, uma funcionária mulher não tem como controlar trinta e poucos adolescentes; obviamente não são anjinhos, mas todos têm que ter os seus direitos garantidos, sobretudo no que se refere à sua integridade.

Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero antecipar ao Ver. Estilac Xavier que vou aguardar até segunda-feira a chegada dos documentos solicitados. Estou conversando com a Ver.ª Clênia Maranhão, depois quero também ouvir a Ver.ª Sofia Cavedon, para nós voltarmos ao Ingá Brita. Mas, se até segunda-feira nós não recebermos os documentos, eu vou encaminhar dois requerimentos à Mesa Diretora. O primeiro convocando a diretora do Ingá Brita a vir a este Plenário - e quero ter o apoio do Ver. João Bosco Vaz, que também tem a sua Comissão de Defesa do Consumidor trabalhando conosco. Em segundo lugar, quero encaminhar um outro ofício à Procuradoria da Casa para enquadrar a Sr.ª Eunice Zimmerman, como funcionária pública municipal, naquilo que couber, por desrespeitar este Poder e esta Comissão. Não acho que um diretor de instituição, seja ele qual for, possa deixar de enviar documentação solicitada. Temos amparo na Lei Orgânica e não vou tolerar, de maneira nenhuma, esse tipo de comportamento. Aliás, quero dizer que foi respeitável a posição do Ver. Gerson Almeida, Secretário da SMAM, quando cobrado pela ausência de documento, não só apressou-se em localizar o que havia ocorrido, como me telefonou pedindo desculpas e colocando-se inteiramente à disposição da Casa, não por este Vereador, mas por qualquer Vereador dentro das suas funções. E o Ver. Gerson Almeida, Secretário, soube-se comportar como tal. Não tem ocorrido ainda, nesse momento, o mesmo com a Sr.ª Secretária Municipal da Cultura, que até hoje não respondeu a um Pedido de Providências nosso, e não tem ocorrido o mesmo, infelizmente, com o Sr. Secretário da Administração. Mas, nesse caso específico, nós temos um prazo legal e a Sr.ª Diretora do Ingá Brita não vai-se valer de uma espécie de “empurrar com a barriga” para deixar passar o prazo legal sem enviar documento, ou vai arcar com as conseqüências legais.

Eu quero pedir a ajuda da Ver.ª Sofia Cavedon mais uma vez, e ao Ver. Estilac Xavier, que tem sido absolutamente respeitoso com todos nós nesta Casa, para que evitemos uma ação de constrangimento. Não vou titubear, na segunda-feira, em tomar as providências que cabem, porque acho que todos nós, Vereadores de uma Comissão, temos de ser respeitados, sobretudo quando acontece um caso grave como o registrado, na quarta-feira, na rádio Gaúcha. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

O SR. MARCELO DANÉRIS (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro, em acordo com as Lideranças dos Partidos, que sejam primeiramente analisados os processos: PLL nº 213/00, PLL nº 209/00, PLL nº 094/01, PR nº 42/01 e o PR nº 045/01.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro a V. Ex.ª que suspenda a Sessão por um minuto, a fim de que não só eu, mas outros Vereadores possam examinar o roteiro dos Projetos sugerido pelo Ver. Marcelo Danéris.

 

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Não tem problema, é que o Ver. Marcelo Danéris informou que foi acordado entre as Bancadas. Eu só iria colocar em votação.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Peço a V. Ex.ª, então, um minuto.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Pois não. Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 12h33min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia – às 12h34min): Estão reabertos os trabalhos.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS (Questão de Ordem): Sr. Presidente, estamos retirando o PLL nº 213/00, de acordo com as Lideranças.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Em votação o Requerimento, de autoria do Ver. Marcelo Danéris. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 3134/00 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 209/00, de autoria do Ver. Jocelin Azambuja, que denomina Alameda Alexandre Zilles a parte lateral da pista de atletismo do Parque Marinha do Brasil, situado no Bairro Menino Deus. Urgência. (desarquivado pelo Ver. Cassiá Carpes)

 

Parecer Conjunto:

- da  CCJ, CUTHAB e CECE. Relator-Geral Ver. Estilac Xavier: pela aprovação do Projeto.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Em discussão o PLL nº 209/00. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação. O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra para encaminhar o PLL nº 209/00.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, eu gostaria de encaminhar, brevemente, não encaminhar durante os cinco minutos, porque eu fiz uma Emenda de Liderança, onde consta que o Alexandre Zilles se trata do Barata. Grande Barata, da Seleção Brasileira, grande atleta, professor de Educação Física.

Foi um Projeto do Ver. Jocelin Azambuja, que desarquivamos este ano, e está vindo à apreciação desta Casa para a votação dos Srs. Vereadores. Tenho certeza de que V. Ex.ªs não se furtarão em dar este título a uma pessoa que elevou o nome do Rio Grande do Sul. Grande atleta, grande pessoa o Alexandre Zilles, o Barata. Portanto, ficará grifado na sua placa o nome Barata, porque é importante para que os cidadãos porto-alegrenses possam saber quem é Alexandre Zilles. Uma figura que, como eu disse, deu uma transformação, deu um nome ao esporte gaúcho. Campeão por várias vezes; atleta laureado; detentor de várias condecorações; diretor de esporte da Santa Terezinha Praia Clube; Membro do Conselho Deliberativo da Associação Especializada em Educação Física do Rio Grande do Sul; vice-presidente do Conselho Deliberativo da Associação Comunitária Desportiva; da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Vice-Presidente do Colegiado Brasileiro de Treinadores de Futsal; Membro da Comissão Nacional de Regra e de Arbitragem da Confederação Brasileira de Futsal; medalha do mérito desportivo; medalha do mérito por serviços prestados ao desporto nacional; medalha Pedro Carneiro Pereira, por relevantes serviços prestados ao desporto do Rio Grande do Sul; voto de louvor pela conquista de bicampeonato mundial de futsal; bicampeonato mundial de futsal concedido pela Câmara Municipal de Vereadores de Porto Alegre, em 14 de novembro de 1985; detentor do diploma de Honra ao Mérito, concedido pela Associação Atlética Enxuta pela participação na conquista inédita da Taça Brasil de Clubes de Futebol de Salão; filiado junto à Federação. Portanto, é um homem que tem um currículo vasto prestado ao futebol de salão do Rio Grande do Sul e Brasil. Esta Casa dará hoje esse nome que será uma das pistas do Parque Marinha do Brasil, dessa pessoa que tão fortemente elevou o nome do desporto do Rio Grande do Sul. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Apregoamos a Emenda nº 01 ao PLL 209/00, que acrescenta a expressão “Barata” após o nome Alexandre Zilles no caput do art. 1º.

O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para encaminhar o PLL nº 209/00.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero reconhecer a figura homenageada do Barata. Acompanhei-o na minha adolescência, quando ele começou a trabalhar com futebol de salão, uma pessoa maravilhosa. Eu quero fazer um registro. Pena que o Ver. Jocelin Azambuja não esteja aqui. O Barata mereceria uma homenagem muito maior do que a que está hoje recebendo. Pela sua grandiosidade e pelo que ele contribuiu para o esporte amador desta Cidade - e V. Ex.ª, Sr. Presidente, que o conheceu, sabe disso - mereceria muito mais do que a homenagem acanhada que hoje a Câmara faz a essa pessoa. Para quem o conheceu ficará para sempre gravado face à sua humanidade e contribuição ao esporte amador da Cidade.

Além disso, acho que o Projeto tem problemas de ordem de identificação dessa pista atlética. Apenas faço esse registro para também salientar a figura do Barata, uma figura inesquecível e de grande contribuição ao esporte amador desta Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): É verdade. O Barata foi um dos grandes nomes do desporto do Rio Grande do Sul. Tive oportunidade de ser contemporâneo dele na Faculdade de Educação Física.

Requerimento de autoria do Ver. Cassiá Carpes, solicitando dispensa do Parecer à Emenda nº 01 ao PLL nº 209/00. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Em votação o PLL nº 209/00. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Em votação a Emenda nº 01 aposta ao PLL nº 209/00. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 1691/01 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 094/01, de autoria do Ver. José Fortunati, que institui o Dia da Solidariedade no Município de Porto Alegre.

 

Pareceres:

- da  CCJ. Relator Ver. Nereu D'Avila: pela aprovação do Projeto;

- da  CECE. Relatora Ver.ª Maria Celeste: pela aprovação do Projeto;

- da  CEDECONDH. Relatora Ver.ª Maristela Maffei: pela aprovação do Projeto.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 094/01. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte)

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 1972/01 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 042/01, de autoria do Ver. Haroldo de Souza, que altera a Resolução nº 1.178, de 16 de julho de 1992, e alterações posteriores - Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre. (Sessões e Reuniões Ordinárias) Com Emendas nºs  01 e 02.

 

Parecer:

- da  Comissão Especial. Relator Ver. Nereu D'Avila: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01.

 

Observações:

- discussão geral nos termos do art. 126, § 1º, do Regimento da CMPA;

- discutiram a matéria, em 21/9/01, os Vereadores E.Guimarães, J.Pinheiro, N.D'Avila, E.Xavier, L.Braz;

- adiada a discussão por três Sessões.

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Em discussão o PR nº 042/01. O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na primeira discussão, eu havia feito uma intervenção onde colocava que o problema central não está nos dias e nem nos horários em que os parlamentos se reúnem. Regra geral, isso é válido. O Congresso Nacional poderia votar absolutamente tudo, Ver. Pedro Américo Leal - e eu sei que V. Ex.ª gostaria de estar lá, inclusive fazendo algumas disputas - terça, quarta e quinta e resolver vários problemas da Nação Brasileira. As Assembléias Legislativas normalmente se reúnem também nas terças, quartas e quintas-feiras. Sexta-feira, sábado, domingo e segunda, para visitar as bases. Agora, o seguinte: eu pensei muito, conversei com alguns colegas de Bancada, com alguns Vereadores e consultei pessoas. Eu penso que modificar o horário de sextas-feiras seria um grande equívoco, como é um equívoco que as nossas reuniões de sextas-feiras, normalmente, não comecem às nove horas, em primeira chamada. Hoje, havia oito Vereadores; às vezes, há dois, três, quatro. Mas, tudo bem, um atraso é um atraso, mas nós estamos vendo, com uma grande freqüência, que nós acabamos no dia 15 de dezembro de cada ano com um grande número de Projetos acumulados, porque tem um jeito, uma maneira, em muitos parlamentos - e este também é um desses - de não querer votar certas coisas, de não querer enfrentar certos debates.

Agora, imaginem nós não fazermos as reuniões nas sextas-feiras. Qual a leitura que fará a população de Porto Alegre? Mais um parlamento relapso. Mais um parlamento que fará feriadão. Alguns dirão: “Mas Vereador, o senhor está sucumbindo diante de pressões, porque afinal de contas nem tudo que faz um Vereador é dentro do Parlamento, ou melhor, no Plenário, tem o atendimento no gabinete.” Não. Eu diria, inclusive, o seguinte: talvez nós devêssemos ser mais ágeis aqui neste período para que nós pudéssemos estar, quem sabe, agora de tarde na Vila Restinga, acompanhando, por exemplo, os problemas que eu tenho levantado sistematicamente nos últimos dias, aqui. Qualquer Vereador de situação ou de oposição, é bom dizer, ele propõe; não só faz Projetos de Lei, não apenas apresenta Pedidos de Providência. Não. Vereador pronuncia-se publicamente, faz um boletim, reúne-se com comunidades. Eu, por exemplo, tenho-me reunido muito com comunidades para discutir segurança pública, que hoje é uma situação grave em qualquer banda do mundo, não só por causa do terror, mas a violência grassa na sociedade contemporânea. E nós temos que buscar soluções, propor questões para a Cidade, não é reunirmo-nos um dia a mais. Esta Câmara, inclusive, reúne-se em Sessão Plenária - vamos explicar para a população de Porto Alegre que nos assiste - às segundas à tarde; às quartas à tarde, às sextas pela manhã. Terça e quinta-feira à tarde reúnem-se as Comissões Permanentes, que são seis. Cada Vereador participa de uma Comissão, mas também há as comissões especiais, as comissões externas. Por exemplo, tivemos gloriosas comissões aqui, que muitas vezes também não resolvem os nossos problemas. O Ver. João Bosco Vaz, o Ver. Pedro Américo Leal e eu sabemos muito bem o quanto nós trabalhamos aqui durante três meses para discutir os problemas do ECADE e fomos frustrados, porque isso é um problema fundamentalmente nacional. Inclusive, amanhã estarei na Câmara de Santa Maria para discutir exatamente isso. Lá também tem um Vereador preocupado com essa questão, e, quem sabe, de baixo para cima chegaremos até o Congresso Nacional para modificar a Lei.

Eu proponho que nós mantenhamos o funcionamento desse Parlamento. Eu sei que a proposta do Vereador e a sua intenção é a melhor possível. O Vereador quer, inclusive, votar mais, agilizar mais questões, tem reclamado aqui. No entanto, nós somos contra, acho que não resolve o problema. Pelo contrário, criará uma imagem equivocada na Cidade de Porto Alegre. Por isso, nós somos pela manutenção do Regimento tal qual ele se encontra hoje. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Obrigado, Ver. Adeli Sell. Comunicamos ao Plenário que este Projeto foi discutido pelos Srs. Vereadores: Elói Guimarães, Juarez Pinheiro, Nereu D’Avila, Estilac Xavier e Luiz Braz.

O Ver. Haroldo de Souza se inscreve e cede o seu tempo ao Ver. Elói Guimarães. O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir o PR nº 042/01.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Regimento da Casa é um instrumento importante. E ele deve-se ajustar ao fluxo da Casa no sentido de esgotar as possibilidades de ação da própria Casa. O que nós temos constatado nos últimos tempos? Constatamos que as Sessões às sextas-feiras não têm tido a rentabilidade que se obtém nas Sessões de segundas e quartas-feiras. É um dado de estatística. Levantemos a estatística e vamos concluir, efetivamente, que as produtividades de segundas e quartas-feiras são visíveis e significativamente maiores do que as de sexta-feira. O Ver. Haroldo de Souza propõe um remanejamento, porque às quintas-feiras estão instituídas reuniões das Comissões que passarão para as sextas-feiras. Às quintas-feiras se dão as Sessões Solenes, que passarão para as sextas-feiras.

O Projeto pretende buscar, até certo ponto, aqueles anseios que já foram debatidos nesta Casa, qual seja: eliminar partes do recesso parlamentar, o que seria um equívoco inquestionável.

Procura-se dentro do tempo disponível à ação legislativa, exaurir-se, tirando desse tempo um maior aproveitamento. Eu não tenho dúvidas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, de que, trazendo a Sessão de sexta-feira para quinta-feira, o futuro dirá que nós temos razão, aqueles que sustentam aquela tese, porque a Casa vai fazer Sessões, ao modelo das Sessões de segunda e quarta-feira, onde teremos uma maior produtividade. Então, fica, aqui, Sr. Presidente e Srs. Vereadores a nossa manifestação, entendendo, com base não em opinião, mas com base na estatística. A estatística dá conta de que a produtividade da Casa é muito maior às segundas e quartas-feiras. No nosso entender é importante que se provoque essa alteração, até porque o Regimento da Casa é um instrumento não terminativo; ele é modificável. Não tem na história de Câmaras Municipais, no Rio Grande do Sul, uma Casa que tenha maior número de Sessões Legislativas. O Congresso Nacional e a Assembléia Legislativa não têm as reuniões que tem a Câmara Municipal de Porto Alegre, que está permanentemente mobilizada, permanentemente atuando. Às sextas, reunião das Comissões, Sessões Solenes e atos naturais que se dão, e segundas, quartas e quintas Sessões Plenárias para, exatamente, tocar a Ordem do Dia, abordar, discutir a Ordem do Dia, ou aprovar ou rejeitar Projetos importantes, ou seja, aquela fase importante da Casa que é a Ordem do Dia. Então, por todos os motivos, inquestionavelmente, essa alteração vem para ajudar a Casa, para a produção. Nos cuidados e nas cautelas de que na sexta-feira se esvaziaria a Casa, não acredito! Agora, o que se esvazia, sim, é exatamente, o Plenário. O Plenário já está a esta hora sem condições de deliberar. Eu estou buscando esse momento como prova da necessidade de se fazer a alteração.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Esta Casa trabalha quase que ininterruptamente. Eu estive por dezesseis anos na Assembléia Legislativa, estou aqui há oito, nove anos. O ritmo de trabalho dela é intenso. Isso eu tenho a acrescentar ao conhecimento de V. Ex.ª, isso de nós não termos na sexta-feira à tarde uma aplicação direta, contínua, isso é muito relativo, porque sexta-feira à tarde cada Vereador faz o que quer. Agora, eu faço o aparte para dizer que não admito que se diga qualquer coisa da Câmara Municipal. Eu não conhecia. O trabalho aqui é incessante. Eu até reclamo que nós deveríamos ter um maior número de Vereadores. Não é possível termos trinta e três Vereadores para um milhão e meio de pessoas com seus problemas. Uma cidade agitadíssima, uma Capital como Porto Alegre, com trinta e três Vereadores! Eu digo isso muito à vontade, porque não pretendo disputar mais nenhuma eleição legislativa. De modo que eu acrescento esse meu depoimento ao que V. Ex.ª já adiantou , com muita satisfação, e desejo que V. Ex.ª leve em conta o que estou dizendo.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sou grato Vereador.

Encerro, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, dizendo que nenhum parlamento tem tanta assiduidade, e tantas Sessões como a Câmara Municipal de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Visivelmente não há quórum. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 12h57min.)

 

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